Economia

"Brasil é um bom negócio", defende Rodrigo Galvão, da Oracle

Apesar da crise, o país é prioritário para investimentos, diz o presidente local da Oracle, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo

Anna Russi*
postado em 13/08/2017 08:00

Para Rodrigo Galvão, Brasil é o motor da América Latina

Mesmo com a situação de crise, o país continua sendo um bom negócio e é visto como uma grande oportunidade de crescimento empresarial, na avaliação de Rodrigo Galvão, presidente, no Brasil, da Oracle, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Ele acredita que o momento é de transformação digital e que a tecnologia se estabelece cada dia mais como business das empresas. ;A Oracle visa ajudar isso a acontecer. Nós acreditamos no país e continuamos investindo para o crescimento econômico;, disse.

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Galvão destacou que o mundo caminha para uma revolução no mercado, com a democratização do acesso à tecnologia e, por isso, é necessário, no Brasil, um alto investimento na educação que torne possível para toda a população ter 100% de acessibilidade tecnológica. ;Nós queremos ajudar o mundo a se transformar, enxergamos a oportunidade de fazer o crescimento das pessoas;, frisou.

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Além de afirmar que o Brasil é um país com prioridade para receber investimentos da empresa, o presidente da Oracle observou que inovações tecnológicas abrem portas para a automatização do agronegócio brasileiro e o aumento da produtividade. Segundo ele, inovações antes inimagináveis estão cada vez mais próximas de se tornarem reais, como a internet das coisas.

Para Rodrigo Galvão, os brasileiros são sedentos por tecnologia digital. Para definir a posição estratégica do país no cenário competitivo global, ele usou o termo ;o motor da América Latina;. Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao Correio.


Crise política

É difícil analisar o cenário político, mas a gente o enxerga como uma oportunidade, porque, ao mesmo tempo em que existem algumas questões a serem tratadas, há empresas querendo melhorar a eficiência operacional, diminuir o custo de oportunidade em tecnologia. A gente costuma dizer que é fazer mais com menos.

Investimentos

Continuamos investindo no país. No ano passado, tomamos a decisão de construir um segundo data center, que vai ser inaugurado no meio do segundo semestre. O investimento em um data center não é baixo. Isso mostra o quanto nós acreditamos no país. Além disso, temos investido bastante em iniciativas de empreendedorismo e criamos uma iniciativa para acelerar o desenvolvimento de startups.

Brasil

O Brasil é um bom negócio, oferece muitas oportunidades. O país hoje é o motor da América Latina, a Oracle enxerga isso com toda clareza. Tanto o para efeito global como para efeito regional, o Brasil é uma prioridade para a empresa.

Transformação

O mundo está em transformação, então as empresas estão partindo para um modelo digital que exige uma certa disrupção de padrão, de modelos. Com nossa tecnologia, estamos agindo para que as empresas consigam fazer essa transformação. Hoje, todas as startups já nascem no modelo digital, no qual a tecnologia faz parte do business das empresas.

Reformas

Qualquer tipo de reforma que venha dar ao país melhores condições de fazer negócios, de ajudar a economia, é excelente para qualquer empresa. Enxergamos isso como algo positivo para o nosso business.

Crescimento na recessão

Estamos crescendo mais de 68% só nesse novo business que é de cloud, a nuvem. O Brasil eu não tenho como abrir, porque só temos resultados globais, mas estamos crescendo, e não é só um dígito.

Planos

Temos investido muito em pesquisas na área de tecnologias futuras. Temos trabalhado com internet das coisas, big data, soluções cada vez mais específicas para o mundo de dados. Temos uma plataforma de gestão financeira, ERP 100% integrada à nuvem. As empresas têm, hoje, o desafio da mobilidade, da segurança, da internet das coisas. Estamos criando uma espécie de marketplace para que o nosso sistema consiga, através dessa plataforma, oferecer ainda mais serviço agregado para o mercado.

Brasileiros

O brasileiro é ávido por tecnologia. Essa geração nova que está chegando já nasceu com a tecnologia nas veias. Não é preciso explicar o que é digital, o que é mobilidade, ela já sabe o que é tudo isso. Como uma empresa de software, a Oracle tenta ao máximo entregar aos clientes uma maneira real de conseguir ter uma estratégia de utilização das novas tecnologias, redes sociais, internet das coisas, criando novos produtos e soluções.

Competição tecnológica

O Brasil não está atrasado de maneira nenhuma. A tecnologia da nuvem veio para democratizar o acesso aos novos instrumentos, seja qual for o tamanho da empresa ou o mercado em que esteja trabalhando. Não importa onde você está. Basta ter acesso a um software. Isso é inovação.

Futuro

Há10 anos, se a gente fosse olhar o mapeamento do genoma, eram gastos milhões e levava muito tempo. Hoje em dia, gasta-se muito menos e de uma forma muito mais rápida. A tecnologia traz esse crescimento de forma exponencial.

Custos

O conceito de nuvem fez com que o acesso à tecnologia deixasse de ser um problema. Hoje, ela ela está 100% democratizada. Então, eu deixo de cobrar em cima de um produto e passo a cobrar em cima de um serviço. O cliente paga mais ou menos conforme vai consumindo. Isso aumenta o acesso à tecnologia.

Estado e governo

Precisamos de um ambiente econômico em que consigamos prover soluções para os nossos clientes. Encaramos esse momento de crise como oportunidade. A Oracle trabalha de forma a enxergar a solução para um problema mesmo em momentos de dificuldade, de necessidade de diminuição de custos. Trabalhamos para que, ao diminuir despesas, a empresa consiga se transformar.

Propriedade intelectual

Não temos sofrido muito com isso, até porque o modelo de nuvem é um modelo de serviço público. Agora, eu vendo de acordo com a necessidade do cliente. O mercado de pirataria ainda existe, mas nunca foi um problema para a gente.

Infraestrutura

Temos polos, como São Paulo, com investimentos grandes, onde isso deixou de ser um problema. Aquele cliente que está em regiões mais remotas também apresenta uma oportunidade, porque visamos fazer parcerias com provedores locais. Buscamos fazer uma conexão por meio dos data centers para que conseguir prestar os mesmos serviços oferecidos nos grandes polos .

Agronegócio

É um mercado a ser explorado. O mundo cloud não é uma realidade para todos os negócios, mas temos soluções para isso. Temos um laboratório de inovação no qual costumamos fazer testes. Um deles foi o mapeamento geológico por meio de drones. Na pecuária, conseguimos fazer o rastreamento dos bois através dos drones, fazer uma avaliação do clima, detectar doenças.

Driverless

Eu gostaria de poder estimar em quanto tempo a tecnologia dos carros sem motorista estará disponível, mas seria um chute.

Em algumas cidades com maior infraestrutura, talvez em 5 ou 6 anos a gente já consiga ver isso. Mas o carro sem motorista exige um pouco mais de infraestrutura e depende de alguns outros fatores.

Tecnologia e empregos

Ocupações obsoletas vão sumir, mas a tecnologia vai estar relacionada com mais empregos. Temos que ter um investimento muito forte em educação, capacitar os jovens para que cheguem à universidade com um bom conhecimento tecnológico. Nós temos trabalhado como voluntários em projetos de alcance de massa para devolver para a sociedade um pouquinho daquilo que ganhamos no país.Queremos ajudar o mundo a se transformar por meio da inovação.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

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