Economia

Alta no consumo das famílias impulsionou crescimento do PIB no trimestre

A liberação do saque das contas inativas do FGTS, a inflação mais baixa e a leve redução do desemprego permitiram que o comércio se expandisse, depois de nove trimestres consecutivos de queda

Hamilton Ferrari
postado em 02/09/2017 08:00

A publicitária Dábilla Ellena de Almeida retomou as compras ao conseguir voltar ao mercado de trabalho

O consumo das famílias e o setor de serviços impulsionaram o crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. A liberação do saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a inflação mais baixa e a leve redução do desemprego permitiram que o comércio se expandisse, depois de nove trimestres consecutivos de queda. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo das famílias aumentou 1,4%, com movimentação de R$ 1,02 trilhão no período.


De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), cerca de 25% dos R$ 44 bilhões liberados do FGTS chegaram ao varejo. Para especialistas, os saques não continuarão tendo impacto nos próximos meses. ;O resultado estará mais ligado a fatores como inflação baixa e desemprego menor;, disse Flávio Borges, superintendente financeiro do SPC Brasil.

Segundo o Banco Central, em junho, o comprometimento da renda familiar com dívidas caiu de 21,3% para 21,1%. Foi o terceiro mês de recuo do indicador. Além disso, a melhora do mercado de trabalho tem ajudado . ;Não dá para ficar extremamente animado, mas acredito que estamos vivendo um momento de recuperação gradual;, afirmou Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos.

A publicitária Dábilla Ellena de Almeida, 27 anos, perdeu o emprego numa clínica de estética no início de 2016 e só conseguiu voltar ao mercado de trabalho em julho passado. Com a recuperação da renda, voltou a consumir produtos e serviços como antigamente. ;Passei por um período em que tive de cortar gastos. Com o novo trabalho, comecei a consumir mais, como fazia em 2016;, disse ela.

O recuo da inflação também estimulou o consumo. No primeiro semestre, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 1,18%, em boa parte devido à safra agrícola recorde, que permitiu que os preços dos alimentos caíssem, ampliando a capacidade de consumo da população.


Expectativa

Os serviços também foram um dos motores do crescimento no trimestre. O setor cresceu 0,6%, sendo que o comércio registrou expansão de 1,9%. Apesar disso, Núbia Missês, 43 anos, vendedora de produtos domésticos, disse que a procura está ;parada;. Segundo ela, o quiosque em que trabalha enfrenta a pior fase desde o início da crise. ;Tem dia em que não vendemos uma peça de toalha. Há dois anos, conseguíamos R$ 3 mil todos os dias. Espero que os próximos meses sejam melhores;, disse.

A empresária Elaine Fava, 69 anos, que vende fogões artesanais, afirmou que os resultados ainda não são os ideais, mas espera melhora no segundo semestre. ;Nos primeiros seis meses não vendemos muito, mas foi melhorando até junho. Em julho também teve venda razoável, mas agosto foi um mês péssimo. Esperamos um bom número em setembro e tenho confiança que o restante do ano vai ser melhor;, torce a empresária.

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