Economia

Aumento no preço do cimento traz prejuízos ao setor da construção civil

Setor reclama de reajustes em meio a mercado ainda fraco; cimenteiras alegam que precisam repassar custos de produção

Marlla Sabino - Especial para o Correio
postado em 09/09/2017 08:00

Correção de 12% a 15% pressiona preços das obras, dizem empresários


O último reajuste no preço do cimento pressionou o custo das obras no Distrito Federal. Duas das quatro principais empresas que fornecem o insumo na região elevaram os valores nas últimas semanas. O aumento causou um impasse entre representantes da construção civil, que dizem não poder arcar com os aumentos, e as empresas fornecedoras, que alegam enfrentar elevação de custos com combustível, logística e mão de obra. Na Concrecon, o cimento ficou 12% mais caro e na Ciplan, 15%, em média. Em consequênca, o preço do concreto fornecido para as obras também subiu.


Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Luiz Carlos Botelho Ferreira, o grande problema é que, por se tratar de um mercado concentrado, os reajustes fragilizam as construtoras, que ainda sofrem com o ritmo fraco da economia. ;Não tem como repassar esse aumento para contratos privados ou públicos. Isso vai desequilibrar as construtoras;, afirmou.

Para Julio Peres, ex- presidente do Sinduscon-DF e ex-secretário de obras do DF, as empresas que fecharam contrato de obras públicas terão que arcar com os custos, já que o orçamento foi fechado antes dos aumentos. ;Os reajustes ficaram bem acima da inflação. Nas próximas licitações, será preciso ajustar a previsão financeira, e podem faltar recursos;, disse.

De acordo com o responsável pela área comercial da Concrecon, Marcelo Reguffe, o reajuste no cimento portland foi de 12% em julho, devido aos aumentos do diesel, da mão de obra e dos custos com logística. ;Pensamos na cadeia como um todo. Se o mercado se aquecer, como esperamos, manteremos o preço. Ainda estamos em um patamar inferior ao que tínhamos anteriormente;, argumentou.

O presidente interino da Ciplan, Sérgio Bautz, afirmou que as concreteiras tiveram que repassar o aumento dos custos de produção. ;Nos últimos quatro anos, o preço do cimento caiu mais de 15%. Em julho, estávamos vendendo a R$ 15,45 a saca, que custava R$ 17,17 em 2015. Em agosto, aumentamos para R$ 16,45, em média, por conta da alta dos insumos;, detalhou. ;Sem reajuste, todos quebraríamos.;

Bautz ainda explicou que não houve 40% de aumento no preço do concreto, como alegaram alguns empresários. Em 2012, o metro cúbico era vendido no DF por R$ 244. Em junho deste ano, o preço caiu para R$ 220. ;Estávamos amargando prejuízo. Se tivéssemos que corrigir o preço nesses anos, o produto deveria custar R$ 285, mas aumentamos para R$ 254. A alta foi de 15,45%, em média;, frisou.

Dionyzio Klavdianos, presidente da filial do DF da Cooperativa Central da Construção Civil do Brasil (Coopercon Brasil), acredita que as empresas não conseguirão manter os preços altos por muito tempo. ;O mercado ainda está muito fraco. Tem outras empresas que não aumentaram o preço e, como não foi generalizado, não sei se vai vigorar;, avaliou.

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