Economia

Chineses levam usina hidrelétrica da Cemig por R$ 7,18 bilhões

O grupo chinês Spic quer se consolidar no Brasil e por isso adquiriu a brasileira Pacific Energy, alertou Rodrigo Leite, especialista em infraestrutura do LVA Advogados

Simone Kafruni
postado em 28/09/2017 06:00
O grupo chinês Spic quer se consolidar no Brasil e por isso adquiriu a brasileira Pacific Energy, alertou Rodrigo Leite, especialista em infraestrutura do LVA Advogados

Especialistas consideraram um sucesso o leilão das hidrelétricas que eram operadas pela estatal mineira Cemig, mesmo com ágio de apenas 9,73%. Isso porque os quatro ativos atraíram investidores estrangeiros de peso, apesar de as concessões serem objeto de disputas judiciais. O grupo chinês State Power Investment Corp (Spic), dono da Pacific Energy, arrematou a joia da coroa, a usina de São Simão, por R$ 7,18 bilhões. O consórcio Engie Brasil, controlado pelo maior produtor independente de energia do mundo, o grupo belga Engie, desembolsou mais de R$ 3,5 bilhões para assumir as concessões de Jaguara e Miranda. E a italiana Enel arrematou Volta Grande por R$ 1,4 bilhão.

;Mesmo sem haver disputa, o resultado foi bom porque são ativos judicializados;, explicou Rômulo Mariani, sócio do escritório Souto Correa Advogados. Para Victor Kodja, presidente da plataforma eletrônica de energia BBCE, a presença de dois grupos europeus fortes e a entrada de um novo grupo chinês foram os principais aspectos positivos do leilão. ;O interesse de estrangeiros é uma demonstração de que o governo está na linha certa. Mais do que quantidade, aponta para a qualidade dos investidores e abre o caminho para a privatização da Eletrobras;, analisou. A sinalização de uma menor intervenção do governo no setor, completou Kodja, aumentou o apetite dos grupos internacionais.

[SAIBAMAIS]Na opinião de Thais Prandini, diretora da Thymos Energia, as mudanças regulatórias foram decisivas para a atratividade dos ativos. ;Houve modernização, com a possibilidade de comercialização de 30% da energia para o mercado livre. Se o governo tivesse ampliado essa fatia, teria atraído ainda mais investidores;, projetou.

O grupo chinês Spic quer se consolidar no Brasil e por isso adquiriu a brasileira Pacific Energy, alertou Rodrigo Leite, especialista em infraestrutura do LVA Advogados. ;Eles estavam negociando entrar pela Usina Santo Antônio e optaram por São Simão, o que é mais interessante para um grupo entrante, porque a hidrelétrica está consolidada;, destacou.

O presidente da Engie, Maurício B;hr, disse que a companhia está antecipando a reposição do portfólio, uma vez que as concessões oriundas da Gerasul, responsáveis pela geração de 2,7 gigawatts (GW), terminam em 2028. ;Esses empreendimentos têm localização estratégica para nosso crescimento no Sudeste;, afirmou. Responsável pela Enel Green Power, Antonio Cammisecra disse que a companhia pretende investir R$ 1,4 bilhão em Volta Grande. ;Esta conquista fortalece a presença da Enel no Brasil, país rico em recursos naturais, onde somos líderes no mercado de energia solar;, completou.

Perdedora

A Cemig, que briga na Justiça para obter a renovação das concessões, chegou a pedir a suspensão do leilão. Na última hora, tentou uma capitalização de R$ 1 bilhão para arrematar, ao menos, o ativo mais barato do certame, a usina de Miranda. Chegou a se inscrever no leilão, por meio do consórcio Aliança Geração, com 55% de participação da Vale, mas não apresentou proposta financeira. ;A Cemig está com um endividamento muito alto e saiu perdendo;, avaliou Thais Prandini, diretora da Thymos Energia.

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