Economia

Para ter um pet, é preciso planejar bem o orçamento

Manter um bicho de estimação implica em custos que farão parte do orçamento por muitos anos, como ração e consultas

Anna Russi* , Adriana Botelho*
postado em 15/10/2017 08:00
O casal Victor e Priscila adotaram um gatinho, mas, antes, fizeram cálculos para saber quanto seria o gasto com o novo integrante da família
Ter um animal de estimação pode parecer uma ótima ideia, mas é necessário se planejar financeiramente para os gastos que isso traz. Manter um bichinho implica custos fixos que vão fazer parte do orçamento por anos, como alimentação, vacinas, banhos e tosas, além de situações pontuais como consultas com médicos veterinários e medicamentos.

Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostra que 61% dos internautas brasileiros entrevistados veem seus pets como um membro da família. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que muitos donos gastam demais com os pets porque humanizam tanto os bichinhos que fazem muito mais do que eles realmente precisam. ;É preciso tomar cuidado para agir com a razão e não com o coração. Vale pensar: será que ele necessita mesmo disso ou estou fazendo ou comprando porque deduzi que ele quer?;, aconselha. Ela lembra que é importante considerar que são animais e exigem cuidados diferentes dos dados ao ser humano.

Enquanto o estudo do SPC Brasil aponta uma variação de gasto mensal médio entre R$ 189 e R$ 224 para cuidar do bem-estar desses companheiros, de acordo Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o tutor gasta, em média, R$ 216,50 por mês para manter um cão de porte pequeno e R$ 411,32 para porte grande. Já com felinos, as despesas chegam a R$ 121.

Planejamento


É possível proporcionar uma boa qualidade de vida para os animais domésticos sem prejudicar o orçamento. Antes de decidir incluir um animal na família, é preciso pesquisar e se planejar financeiramente. O educador financeiro e diretor do Instituto Eu Defino, Alexandre Fragoso Arci, compara os gastos com pets, no mundo moderno, com o dos filhos. Por isso, classifica como importante uma programação financeira prévia. ;Ter isso dentro do orçamento doméstico permite que os consumidores busquem alternativas para pagar menos, principalmente em momentos de crise;, afirma.

O advogado Victor Minervino Quintiere, 25, adotou um gato há uma semana. Ele conta que sempre conversou com sua esposa, Priscila Bittencourt de Carvalho Quintiere, sobre terem um animal mas que o assunto sempre implicava muitas questões de mudanças na rotina. Até agora, eles já gastaram mais de R$ 200 só em compra da tigela de alimentação, a ração, a caixa e o pacote de areia, cama e a preparação do ambiente. ;Temos o costume de organizar uma planilha e incluímos ele. Então, fizemos uma projeção de qual vai ser o gasto mensal, fixo, e adicionamos eventuais emergências;, esclarece.

A diretora geral da Associação de Proteção Animal do DF (Proanima), Suzana Coelho, destaca alguns aspectos com os quais os tutores podem economizar na criação do pet. O primeiro deles é pensar na adoção em vez da compra. ;Além de não ter nenhum gasto financeiro, a família praticará a compaixão ao adotar um animalzinho;, diz. Ela destaca que se for feita em grupos de proteção animal, que se preocupam em doar pets vacinados e castrados, também não haverá gastos, em um primeiro momento, com a imunização do animal.

A pesquisa do SPC Brasil mostra que 52% dos entrevistados diz só alimentar seus animais com rações da linha premium, mais adequadas para o porte e raça de seus pets. Para Suzana, uma alternativa mais econômica é o uso de alimentação natural, feita em casa, especialmente para cães e gatos. No caso da compra de ração, ela recomenda que os donos comprem em grandes quantidades pois o preço por quilo fica mais barato.

Outra medida válida é pesquisar as diferentes marcas de ração e os vários estabelecimentos que as oferecem. Pelo levantamento do Correio, os valores podem variar em mais de R$ 180. A diferença de preços das consultas chega a quase R$ 100. A fisioterapeuta Juliana Teodora de Oliveira, 25, tem dois cachorros de porte grande e peludos, da raça samoieda. Ela conta que, nos últimos meses, após o nascimento do segundo cachorro, ela trocou a marca de ração, da premium, mais adequada ao pelo da raça, para uma mais barata. O custo caiu de R$ 240 para R$ 180. Outra medida para economizar foi reduzir os banhos na petshop. ;Antes era uma vez por mês e agora já tem quatro meses que damos banho em casa mesmo;, afirma. Para sustentar os dois cachorros, Juliana desembolsou cerca de
R$ 630 no último mês.


Prevenção


Outro fator que demanda grande investimento para quem escolhe ter um animal de estimação são os custos veterinários. A veterinária Eliane Silva da Cruz, dona da petshop Bichos e Caprichos, explica que a chave para evitar gastos muito altos com processos veterinários é a prevenção. Segundo ela, consultas rotineiras que evitam doenças são mais baratas do que procedimentos de emergência. ;É importante que haja a conscientização responsável de quem possui animais. É essencial fazer a imunização inicial e continuar os reforços anuais;, ressalta.

Normalmente, hospitais-escolas de faculdades de veterinária atendem animais da comunidade por um preço menor do que os estabelecimentos particulares. Outra possibilidade é o plano de saúde para animais domésticos. Segundo o CEO do plano DogLife, Antônio Augusto Starling de Braga, os produtos são parecidos com os planos de saúde humano. A cobertura dos procedimentos pode variar de acordo com o porte e a idade do animal.

Antônio Augusto afirma que, ao adquirir o plano mais básico, de R$ 45 mensais, o dono de um cão ou gato pode economizar cerca de 60% em um ano com gastos referentes a procedimentos veterinários, sem contar situações emergenciais. Além disso, há outros benefícios para quem utiliza os serviços, como descontos de 15% e 20%, em redes de petshops parceiras, em banhos e tosas, na compra de ração, brinquedos e outros produtos. Para o empresário, a grande vantagem está na prevenção. ;Com o plano é possível evitar imprevistos. As pessoas não têm o costume de levar para check ups regulares e com procedimentos rotineiros a prevenção é muito mais eficaz;, argumenta.

Marcela, do SPC Brasil, lembra que, por ser um modelo de negócio novo e ainda não regulado, é preciso pesquisar bastante a respeito das empresas que oferecem planos de saúde para animais. ;O consumidor tem que entender o que vai ser coberto para não ter surpresas em momentos difíceis. Além disso, precisa caber no orçamento;, recomenda. A economista orienta que, mesmo com a aquisição do convênio, é indispensável manter uma reserva extra.

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