O avanço tecnológico garante competitividade e produtividade, mas ele só ocorre com investimento, infelizmente, em queda no país há vários anos. Mesmo os órgãos criados para fomentar e subsidiar as inovações se ressentem com a crise. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), ao qual a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) é vinculada, teve seu orçamento reduzido em 44% em 2017.
O contingenciamento do Orçamento adotado pelo governo neste ano e que, atualmente, está em R$ 32,2 bilhões, congelou metade dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que é, historicamente, a principal fonte de recursos para financiar pesquisa tecnológica no Brasil. O valor, que já chegou a R$ 4 bilhões em anos anteriores, foi reduzido a R$ 1,2 bilhão neste ano, sendo que a Finep está autorizada a executar apenas R$ 600 milhões.
Papel estratégico
O presidente da Finep, Marcos Cintra, explica que o órgão tem um papel estratégico para incentivar a inovação e completa 50 anos em 2017. ;Grandes empresas como a WEG, a Embraer e a Embrapa tiveram apoio da Finep. Mas a discussão sobre indústria 4.0 está começando. O parque industrial brasileiro ainda tem muita coisa de 2.0 ou que mal chegou ao 3.0;, comenta. Cintra revela que o Senai está mais avançado nesta área. ;O interesse é crescente;, reconhece.
Com o fundo cortado à metade, a Finep está se adequando a nova realidade econômica. ;Não temos mais linhas a fundo perdido. Mas temos R$ 500 milhões para emprestar, com juros atrativos e prazos de 16 anos;, diz Cintra. Para incentivar o uso das estruturas públicas de pesquisa, à míngua de recursos federais, a Finep criou uma linha de crédito para desenvolvimento de novos produtos com juros mais baixos se os recursos forem usados para contratar pesquisa em entidades, laboratórios ou universidades públicas. ;Quanto maior a parcela para contratação colaborativa, mais longo o prazo e menor a taxa de juros;, ressalta.
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Para o professor, há uma carência gigantesca de recursos e pouca sensibilidade do governo de enxergar que a pesquisa e o desenvolvimento são o futuro para a indústria. ;A pesquisa não hiberna, a fronteira tecnológica avança permanentemente. O orçamento em 2018 é 15% do que foi há quatro anos. Como fomentar? A indústria, que já não é importante na nossa pauta de exportações, vai ficar cada vez menos competitiva globalmente;, lamenta