Economia

Dívidas levam 21% das pessoas a desenvolverem algum vício, diz SPC

A insegurança é um sintoma que foi identificada por 65% dos entrevistados, fora estresse (64%), angústia (61%), desânimo (58%), sentimento de culpa (57%) e baixa autoestima (56%)

Hamilton Ferrari
postado em 19/10/2017 20:13
Ilustração de homem preocupado com as contas do mês, espalhadas sobre a mesa
Que dívidas geram dor de cabeça todo mundo já está careca de saber. Mas o que nem todo mundo entende são os sintomas que estar inadimplente na praça pode causar a uma pessoa. Segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 69% das pessoas que estão nessa situação sofrem de ansiedade. Isso fez com que, por exemplo, 25% dos consumidores ficassem mais desatentos no ambiente de trabalho e que 21% desenvolvessem algum vício, como cigarro, comida ou álcool.


Os problemas financeiros causam diversos prejuízos físicos e psicológicos a quem está em dívida com alguém ou algum banco, afetando não só o orçamento, mas também o desempenho profissional e as relações pessoais. Segundo a pesquisa, a insegurança é um sintoma que foi identificado em 65% dos entrevistados, fora estresse (64%), angústia (61%), desânimo (58%), sentimento de culpa (57%) e baixa autoestima (56%).
Muitos desses sentimentos cresceram em relação à 2016, como a ansiedade, que aumentou 6 pontos percentuais. O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, orienta que o consumidor tire o foco da dívida e se concentre em quitar as pendências o quanto antes. "A postura emocional do devedor revela muito sobre como ele vai lidar com a reorganização das finanças. Quem se desespera no momento de dificuldade, multiplica os seus problemas. Um consumidor desorientado, ansioso e sem motivação dificilmente vai ter energia para traçar uma saída", comentou.
Por isso, segundo o especialista, é preciso, primeiramente, manter a calma, buscar a racionalidade e buscar apoio familiar. "Ou até mesmo recorrer a um profissional especializado", indicou Vignoli. Isso porque a própria relação que o consumidor tem com outras pessoas fica alterada. Muitos, por exemplo, ficam irritados com mais facilidade, como 52% dos entrevistados se identificaram. Quarenta e seis porcento das pessos sentem menos vontade de se socializar. Além disso, 21% não conseguem controlar a paciência e acabam descontando em colegas no serviço.

Saúde em jogo

A pesquisa revela, também, que 56% demonstram alto grau de preocupação, registrando um aumento de 14 pontos percentuais em relação à 2016. O maior medo é de não conseguir se livrar das pendências financeiras (36%), seguido por ser considerado desonesto pelas demais pessoas (11%), não conseguir parcelar as compras (9%), não arrumar um emprego (9%) e não poder mais fazer empréstimos futuramente (7%).

Com isso, 76% frearam o consumo à prestação e 74% fizeram cortes ou algum tipo de ajuste no orçamento. "Não se sai da
inadimplência sem esforço. É importante que o consumidor faça um detalhamento minucioso de todos os seus gastos e priorize o pagamento das contas e compras de primeira necessidade, visando uma sobra no orçamento, que será utilizada justamente para negociar e quitar a dívida em atraso", indicou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. A especialista também não descarta outras alternativas, como a procura por fontes de renda extras. "O importante é que o consumidor não caia na tentação de aumentar as despesas porque há uma fonte extra de renda. Por isso, o controle rígido dos gastos neste momento é fundamental", afirmou.

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