Economia

Juros ficam abaixo de 7% e queda deve persistir em 2018, segundo Copom

Integrantes do Copom retiram da ata da última reunião a expressão "encerramento gradual do ciclo", sinalizando que quedas podem persistir em 2018, e aprovam, por unanimidade, manter a liberdade de ação do colegiado

Antonio Temóteo
postado em 01/11/2017 06:00
Para Ilan Goldfajn, flexibilização monetária tende a estimular a economia

Os juros podem terminar o ciclo de cortes abaixo de 7% ao ano, sinalizou o Banco Central (BC) por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim como no comunicado, divulgado após o último encontro do colegiado, a equipe de Ilan Goldfajn tirou do texto a expressão ;encerramento gradual do ciclo;, o que pode indicar reduções da taxa ainda em 2018.

Essa perspectiva ganhou mais força quando o colegiado detalhou no documento que ;houve consenso em manter liberdade de ação e adiar qualquer sinalização sobre as decisões futuras de política monetária de forma a incorporar novas informações sobre a evolução do cenário básico e do balanço de riscos;.

[SAIBAMAIS]Os integrantes do Copom ainda sinalizaram que o corte de juros, que deve ocorrer no próximo encontro do colegiado, marcado para 5 e 6 de dezembro, será de 0,5 ponto percentual. ;Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme o esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária.;

Em audiência pública realizada ontem na Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, Ilan destacou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará o ano dentro das margens definidas pelo regime de metas para inflação. Segundo ele, a carestia encerrará 2017 em 3,2% e em 2018 caminhará para 4,3%, perto do centro da meta, de 4,5%.

;Uma parte da queda na inflação neste ano foi causada pelo recuo no preço dos alimentos. E a queda muito forte nesse segmento é boa;, afirmou. ;Sem o efeito dos alimentos (deflação de 5%), a inflação neste ano seria de 4,3%, bem próxima da meta;, completou.

Ilan também sinalizou que a tendência é de que a Selic continue em queda. Na semana passada, o Copom cortou pela nona vez consecutiva a taxa básica de juros, em 0,75 ponto percentual, para 7,5% ao ano. ;Nós mesmos sinalizamos um recuo moderado na Selic à frente, se tudo correr como imaginamos. No médio prazo, temos todas as condições de ter uma taxa estrutural menor;, afirmou o presidente do BC.

Controle


Segundo ele, a política monetária tem controlado a inflação e permitido o crescimento econômico. ;De fato, o presente processo de flexibilização monetária tem levado à queda das taxas de juros reais (juros nominais menos inflação) e tende a estimular a economia. Essas taxas, estimadas usando várias medidas, se encontram entre 2,5% e 3,1%, valores próximos aos mínimos históricos;, afirmou.

Na avaliação do presidente do BC, a aprovação da reforma da Previdência e outros ajustes na economia permitirão que a taxa de juros estrutural seja menor ao longo do tempo. ;Na década de 1990 tínhamos uma taxa real de 20%, há 10 anos, a taxa real era de 10% e hoje, os juros reais estão entre 2,5% e 3%. Então hoje temos a condição de termos uma taxa estrutural menor;, acrescentou.

Ele ainda comentou que o cenário internacional tem se mostrado favorável às economias emergentes de maneira geral e para o Brasil em particular. ;A atividade econômica global vem se recuperando sem pressionar em demasia as condições financeiras nas economias avançadas. Isso contribui para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, proporcionando um ambiente mais sereno no mercado;, disse.

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