A economia voltou a acelerar no terceiro trimestre. O resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) para esse período será divulgado apenas na próxima sexta-feira, 1; de dezembro, mas analistas de mercado apostam em melhora consistente dos números. Economistas da Tendência Consultoria, por exemplo, preveem crescimento de 0,4% no acumulado entre julho e setembro em relação ao período imediatamente anterior. O resultado reforça as expectativas de que a atividade econômica encerre o ano com um avanço de 0,7% ; o melhor desempenho desde 2013.
Apesar de os primeiros sinais de retomada estarem surgindo, a recuperação efetiva da economia, na opinião de especialistas, ainda está longe de ser alcançada. A alta de 0,7% sinaliza apenas uma reação. No acumulado dos dois últimos anos, o PIB caiu 7,4%. A jornada para recolocar o país nos trilhos será lenta e passa, necessariamente, pelo aumento da demanda e da produção.
A expectativa é de que sinais de recuperação sejam cada vez mais perceptíveis a partir do terceiro trimestre. Para o economista Bruno Levy, da Tendências, os investimentos devem subir 0,7% de julho a setembro em relação aos três meses imediatamente anteriores, após quatro trimestres consecutivos de queda. De janeiro a dezembro, a expectativa também é de avanço. A última vez em que o indicador registrou duas altas consecutivas foi em 2013.
A retomada dos investimentos responde à melhora da economia. Com a inflação em desaceleração, o Banco Central (BC) encontrou espaços na política monetária para promover cortes na taxa básica de juros (Selic). O cenário mais propício para consumo e renegociação de dívidas contribuiu para a queda do endividamento e a melhora dos indicadores de confiança. ;A redução dos juros e o aumento da confiança da indústria e do consumo de bens de capital estão puxando esse processo;, avalia Levy.
Com a melhora dos investimentos, outro indicador que deve apresentar reação é a indústria. No terceiro trimestre, o setor secundário da economia subirá 0,5% em relação ao segundo, projeta Levy. No período imediatamente anterior, o que se observou foi uma queda de 0,5%. Se confirmado, o resultado será puxado pela indústria da construção civil, que crescerá 1,4%. ;A construção ainda sente um pouco a crise, mas ela começa a ver sinais de melhora;, destaca.
Consumo
O cenário de inflação baixa e juros menores ajudarão a impulsionar os gastos dos consumidores. O indicador do consumo das famílias, que responde por cerca de 60% do PIB pela demanda, deve subir 0,8% em relação ao segundo trimestre, prevê Levy.Embora o resultado represente uma desaceleração em relação ao segundo trimestre, período em que o consumo foi estimulado pela liberação das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), há perspectiva de que o consumo das famílias continue subindo e puxando, consequentemente, a atividade terciária. O setor de serviços deve subir 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo, puxado pelo comércio, que crescerá 1,4%.
Para 2018, as expectativas são boas. Os investimentos devem manter trajetória de alta, bem como o consumo das famílias. Com isso, são grandes as probabilidades de o PIB subir 2,5% no próximo ano. É o que prevê o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes. ;Isso é típico de período pré-eleitoral. O consumo tem tendência de melhora, pelo menos, até metade do ano que vem. Até a definição das eleições, dificilmente medidas impopulares serão adotadas;, prevê.