Jornal Correio Braziliense

Economia

Mudança na CLT é benéfica para patrões e empregados, diz ministro do TST

Presidente da Corte diz que súmulas já emitidas pelo tribunal serão adequadas às mudanças na legislação aprovadas pelo Congresso. Para ele, modernização das regras do setor aumenta segurança jurídica e é benéfica para patrões e empregados



O ministro também considera ;bastante oportuna; para a categoria a regulação do trabalho autônomo. ;É possível que o funcionário possa prestar o serviço naquela atividade sem que isso caracterize o vínculo de emprego;, pontuou. Outro item importante, na opinião de Belmonte, é a regulação dos danos extrapatrimoniais. ;Na construção civil, todo mundo sabe, existe um número muito acentuado de acidentes do trabalho e de doenças profissionais. A regulação dos danos, a identificação e o valor correspondente é importante, ainda que se discuta a constitucionalidade do tabelamento;, avaliou.

Segundo Belmonte, a revisão da lei trabalhista era demanda da sociedade, de empresários e, em vários aspectos, dos próprios trabalhadores. ;Afinal de contas, o mercado de trabalho mudou, e era preciso que as leis acompanhassem essa evolução;, disse. ;O que se espera com essa reforma trabalhista, no tocante à informalidade, é que venha a regularizar os bicos;, afirmou. Em média, 57% dos ocupados no setor não recolhem para a Previdência Social, lembrou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, que classificou o número como ;um absurdo;. ;Temos milhões que não estão protegidos pela legislação trabalhista porque estão na informalidade;, disse.

Nem Belmonte nem Flávio Amary, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), culpam a legislação antiga pelo desemprego, mas ambos acreditam que a sinalização dada pela reforma contribui para um ;novo cenário econômico; para o país. ;Com o conjunto de ações que a gente tem visto, o desemprego reduziu de 14 milhões para 12,7 milhões;, ressaltou Amary, com base em dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Judicialização


Ives Gandra afirmou ter ;muita esperança; de que a atualização da lei traga uma ;redução substancial do desemprego, aumento da segurança jurídica para as empresas e investimentos para o país;, em todos os setores. ;Essa reforma trabalhista era necessária, era fundamental para dar segurança jurídica para todos os segmentos, não só o da construção civil;, ressaltou o presidente do TST.

O ministro lembrou que, quando foi enviada pelo governo, a reforma tinha apenas 10 artigos, que mudavam pontos consensuais entre as centrais sindicais e as confederações patronais. Mas, ao chegar ao Congresso Nacional, o texto recebeu mais de 800 emendas. ;Terminou com mais de 100 artigos modificados, porque havia uma demanda muito grande. Havia demanda de lei para dirimir previamente o conflito trabalhista. Na ausência da lei, na lacuna da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o ativismo judiciário era a tônica;, explicou.

Com as mudanças, haverá menos margem para ;aventuras judiciais;, disse Gandra. Para o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), Cláudio Hermolin, essa é a melhor expectativa em relação à reforma. ;Precisamos criar segurança jurídica para que o nosso setor, que emprega milhões de pessoas e gera pagamento de impostos, possa crescer;, disse.