Jornal Correio Braziliense

Economia

Saiba o que fazer para não se endividar com as compras de Natal

De acordo com especialistas, os consumidores se preocupam mais em presentear do que em ajustar o próprio orçamento


Essa é a prova, de acordo com especialistas, de que os consumidores se preocupam mais em presentear do que em ajustar o próprio orçamento. Eles dão dicas de como não entrar nesse ciclo de pendências financeiras e aproveitar a data especial e todo 2018 de forma sustentável. Basta mudar os hábitos de consumo desde agora.

Segundo o levantamento do SPC Brasil, 73% dos brasileiros devem ir às compras no fim do ano. Como a situação das contas das famílias ainda não é das melhores, a maioria vai apostar as fichas nas transações on-line (40%), que, normalmente, oferecem preços mais vantajosos. A previsão é de que esse será o primeiro ano em que o e-commerce vai superar as aquisições físicas nas lojas, com movimentação de cerca de R$ 51 milhões, uma melhora de R$ 1 milhão em relação a 2016.

O gasto médio por pessoa, no entanto, deve continuar no mesmo patamar de 2016: R$ 100. No Distrito Federal, o cenário é mais animador e o valor sobe para R$ 290, em média. Apesar disso, especialistas alertam que as despesas não devem ser definidas sem uma organização prévia e um planejamento para o futuro, a curto, médio e longo prazos.

Paulo Morostica, consultor da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), explica que a mãe de todas as dicas é se preparar antecipadamente. Segundo ele, cerca de 80% dos brasileiros não fazem análise e coordenação do próprio orçamento. ;Nesta época, o 13; dobra o salário, mas, em compensação, uma série de fatores triplica os gastos, como, por exemplo, presentes, viagens, hospedagem, transporte, IPVA, IPTU, material escolar, matrículas;, aponta.

Por isso, Rogério Olegário, consultor financeiro da Libratta, recomenda que se faça um registro do que entra e do que sai do bolso. ;O primeiro passo é montar um plano para não pagar mais do que se pode. A definição do que comprar no Natal só deve ocorrer depois da análise geral de qual será a renda disponível e do que terá que ser pago no período;, sugere.

É necessário pensar não apenas em dezembro. ;Na verdade, a pessoa pode usar o período anterior às festas para ver como lida com o dinheiro. O certo é ter um preparo de, no mínimo, 12 meses. Com o orçamento controlado, o consumidor terá um leque de escolhas muito maior no futuro, inclusive um Natal de 2018 bem melhor;, diz Reinaldo Domingos, educador financeiro e idealizador do Blog Dinheiro à Vista.

Em seguida, é preciso planejar as compras de presentes, alimentação, viagens, lembranças, entre outros. Se vai às lojas, o mais indicado é comprar logo. Quanto mais perto do Natal, mais altos tendem a ficar os preços. Mãe e filho, Odila Diatel, 63 anos, e Adriano Diatel, 35, seguiram a dica. Na última semana, saíram juntos para procurar os presentes. Ao se depararem com os preços, decidiram dar menos lembranças neste ano. ;Devemos comprar só para os mais próximos e para as crianças. Soubemos que, em outros lugares da cidade, as coisas estão mais baratas, mas, somando o valor da passagem ao tempo gasto, não compensa;, comenta. Eles conseguiram comprar quatro presentes com R$ 200.

Nem todos vão por esse caminho. A professora Simone Souza, 46, vai deixar as compras de Natal para mais próximo do dia 25, apostando nas promoções. Para economizar, optou por fazer o jogo do amigo-oculto com a família e os amigos. ;Assim, não é preciso comprar um item para cada pessoa. Todo mundo se diverte e ganha pelo menos um presente, com a opção de receber um artigo mais pessoal.;

É importante pesquisar. A mesma mercadoria pode variar bastante de valor nos sites e nos estabelecimentos. A procura antecipada pelo preço baixo ajuda os consumidores a se prepararem. Segundo levantamento da SPC Brasil, 76% dos entrevistados devem comparar os valores na internet antes de desembolsar qualquer quantia.

A balconista Ully Silva, 24, afirma que 2017 não foi bom do ponto de vista financeiro. ;O dinheiro está sumido. Neste ano, vou pesquisar mais e procurar as lojas mais baratas, além de diminuir a quantidade de presentes. Mas tentarei levar o que der;, afirma. A balconista pretende desembolsar até R$ 400 para seis lembranças essenciais.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo