Economia

Empresas abrem capital após recuperação da economia e queda dos juros

Somente este mês, três companhias devem fazer ofertas iniciais de ações na Bolsa de Valores de São Paulo, num valor estimado de R$ 9,1 bilhões. Segundo analistas, recuperação da economia e queda da taxa básica de juros estimulam os lançamentos

Simone Kafruni
postado em 13/12/2017 06:00

Somente o IPO da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, deve captar R$ 4,8 bilhões de investidores

O ano de 2017 termina com várias companhias em busca de capitalização no mercado. Entre elas, a maior empresa do país, a Petrobras, que anunciou a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da BR Distribuidora para este mês. Assim como a subsidiária da petroleira, Neoenergia e Burger King também estão com seus IPOs em avaliação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e a aprovação pode sair a qualquer momento. Esses três processos são os mais maduros, dizem os analistas, e somam uma captação estimada de R$ 9,1 bilhões. Outras duas empresas, Algar Telecom e Blau Farmacêutica, estão na fila para abrir capital.

Para os especialistas, o momento escolhido para a abertura de capital tem a ver com a recuperação da economia e com a queda da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 7%, o que torna qualquer rentabilidade acima disso atrativa. A CVM não informa as datas dos IPOs, tampouco a BM (B3). Uma fonte a par dos trâmites explicou que até mesmo o dia divulgado pelas empresas não é preciso, porque os processos precisam ser aprovados pela CVM, o que pode ocorrer de uma hora para outra. ;Ninguém arrisca a data, mas os IPOs saem em 2017;, garantiu.

[SAIBAMAIS]Em prospecto preliminar entregue à CVM, a Petrobras definiu o preço das ações da BR Distribuidora entre R$ 15 e R$ 19 e fez uma estimativa de captação de R$ 4,8 bilhões, descontadas as comissões. Vista como joia da coroa da estatal, a companhia é líder na distribuição de combustíveis e tem uma rede de mais de 8,2 mil postos no país. A abertura de capital, aprovada havia dois anos, aguardava o momento econômico mais adequado. O IPO pode ocorrer até sexta-feira.

Para o ex-presidente da CVM Renê Garcia, a BR volta ao mercado em um ambiente melhor, com liberdade de preços dos combustíveis. ;A BR já foi aberta e extremamente lucrativa. Está esperando que uma colocação de ações possa trazer a rentabilidade do passado;, avaliou. Hugo Monteiro, analista de investimento do Bullmark Financial Group, considera os papéis bons ativos. ;Só pelo market share (participação de mercado) que a BR tem;, justificou.


Garcia ressaltou que os IPOs estão ocorrendo agora para aproveitar a taxa de juros baixa. ;Isso aumenta o apetite dos investidores, uma vez que o rendimento desses papéis estão na faixa de 10% a 12% ao ano;, projetou. Na opinião de Rui Coutinho, consultor e presidente da Latin Link, as aberturas de capital marcam a retomada da temporada de caça a investidores. ;Os processos da BR, Burger King Neoenergia estavam estruturados na CVM. Agora estão maduros.;

Conforme os prospectos apresentados à CVM, o Burger King espera capitalização de R$ 1,6 bilhão, e a Neoenergia estima injeção de R$ 2,7 bilhões. Para o mercado, a projeção da Neoenergia é muito ambiciosa. A empresa não quis comentar. Disse apenas que ;o IPO está marcado para 18 de dezembro; e que, até amanhã, ;a companhia tem que confirmar a abertura, divulgando a faixa de preço das ações;.

Renê Garcia destacou que a Neoenergia está muito associada ao modelo de privatização da Eletrobras. ;Isso contamina o setor;, ressaltou. No entender de Fábio Carvalho, gerente de mesa da CM Capital Market, o momento para ativos do setor elétrico não é bom. ;É hora de avaliação dos ativos da Eletrobras. A questão regulatória pode interferir e, nesse caso, a política tem como exercer influência;, disse.

  • Nova opção

    O mercado brasileiro tem poucas ações do setor de alimentação listadas em bolsa. Nesse aspecto, a abertura de capital do Burger King é vista com bons olhos pelos analistas. ;Temos pouca oferta de varejo, por isso o IPO do Burger King deve ser interessante. Permitirá a diversificação de portfólio. Não tem nenhuma outra empresa similar;, destacou Fábio Carvalho, analista da CM Capital Market. Para Hugo Monteiro, do Bullmark, os papéis da empresa estão caros. ;O Burger King tem um endividamento alto;, justificou. A abertura de capital da companhia está prevista para 18 de dezembro.

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