Economia

Descontente com plano da Oi, Société Mondiale pede adiamento da assembleia

Acionista da operadora, o fundo protocolou na 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro petição para postergar votação da proposta de recuperação judicial, marcada para dia 19

Simone Kafruni
postado em 14/12/2017 13:51
Insatisfeito com o novo plano de recuperação judicial apresentando na noite da última terça-feira pela Oi, o Fundo Société Mondiale, acionista da companhia, protocolou, nesta quinta-feira (14/12), na 7; Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), um pedido de adiamento da assembleia geral de credores, marcada para a próxima terça-feira, 19 de dezembro.

Liderado pelo empresário Nelson Tanure, o fundo argumenta que, na apresentação do plano, faltou um documento essencial para dar a garantia firme de realização do aumento de capital, o chamado Commitment Agreement. Nele estão - ou deveriam estar - todas as condições para a colocação de dinheiro novo na companhia.



;Tal documento não está nos autos. Sem ele não há a garantia firme do aumento de capital, tampouco as condições precedentes para que a capitalização ocorra;, afirmou o fundo, em nota. O Société ainda aponta o pagamento de fee (comissão para aprovação do plano) no valor de R$ 400 milhões a um grupo específico de bondholders (detentores de títulos da dívida), e não a todos.

Outro argumento para o pedido de adiamento é o que o fundo chama de ;ato usurpador de origem;: a apresentação do plano sem aprovação dos órgãos sociais competentes.

Legislação

A lei de recuperação judicial obriga o respeito à legislação societária que anula o plano ao prever a diluição dos atuais acionistas sem que o processo seja submetido à assembleia de acionistas. Tanure e a Pharol são as maiores interessadas, mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também é acionista da Oi, além de 70% do capital da companhia pulverizado no mercado.

[SAIBAMAIS]Contudo, o juiz Fernando Viana, da 7a Vara, foi quem determinou que o plano fosse apresentado sem a validação do conselho de administração. Porém, não comentou sobre a assembleia de acionistas. Para o Société, a competência para aprovar aumentos de capital é dos acionistas.

Para os acionistas, o plano é ruim e o argumento se justificou no movimento das ações da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Os papéis ordinários caíram 22,9% e os preferenciais perderam 12,47% em um só dia após o anúncio do novo plano. Se for aprovada, a proposta prevê a diluição dos atuais acionistas em, no mínimo, 75%, podendo chegar a 90%.

Por outro lado, os bondholders (detentores de títulos da dívida) vão poder trocar dívidas que compraram com deságio de mais de 80% por 75% do capital da Oi. Na prática, argumentam fontes ligadas às negociações, os fundos abutres ; aqueles cujo negócio é comprar e vender empresas quebradas ; poderão se tornar donos da maior empresa de telefonia fixa do Brasil.

Outras cláusulas do novo plano também desagradam os acionistas. Uma delas obriga a Oi a realizar pagamentos de fees (comissão) e reembolsos até mesmo aos advogados que estão brigando na justiça contra a empresa. Ou seja, em tese, a companhia terá de tirar dinheiro do caixa para pagar despesas ilimitadas de quem está em litígio com ela.

Uma segunda cláusula garante a permanência do presidente da Oi, Eurico Teles, e dos diretores eleitos até agosto deste ano por pelo menos dois anos. O mês foi escolhido como limite para impedir que os dois novos diretores ; Helio Costa, ligado ao Société, e João Vicente Ribeiro, a Pharol ; sejam beneficiados, já que foram nomeados em setembro.

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