Rodolfo Costa
postado em 21/12/2017 09:33
A inflação murchou e confirmou a menor alta acumulada em um ano em quase duas décadas. Entre janeiro e dezembro, a média de custos de bens e serviços na economia subiu 2,94%. É a menor variação para o período desde 1998, quando a variação ficou em 1,66%. O resultado é fruto de uma alta de 0,35% da carestia em dezembro, segundo aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Embora o indicador seja considerado uma prévia do custo de vida, ele indica que o IPCA também deve encerrar 2017 em um patamar baixo, próximo de 2,8%.
[SAIBAMAIS]O resultado no ano é reflexo de uma combinação de fatores. Em parte, os custos no mercado consumidor despencaram devido aos gastos com alimentos. Em média, as despesas com alimentação e bebidas registraram deflação -- ou seja, queda de preços -- de 2,15%. É o primeiro recuo dessa categoria de despesas em toda a história. Como os gastos com alimentação representam cerca de 25% da cesta de itens consumidos pelas famílias, tal resultado contribuiu favoravelmente para desacelerar o custo de vida no país.
A deflação no grupo de alimentação e bebidas foi possível, sobretudo, graças a supersafra registrada no início do ano, e a boas condições de oferta na economia nos meses seguintes. Nos 12 meses do ano, essa classe de despesas registrou queda de preços nove. Sendo que, desde junho, a média de custos com alimentos só caiu. Embora esse grupo tenha sido preponderante para o resultado da inflação no ano, não foi o único fator.
Outra causa da desaceleração dos preços é o próprio enfraquecimento da atividade econômica. Diante de um quadro de alto número de desempregados, e de uma economia ainda combalida, muitas famílias reduziram o consumo. Um reflexo disso é o resultado no ano do grupo de artigos de residência, que inclui itens como móveis e eletrodomésticos. Essa classe de despesas registrou deflação de 1,51%. Dos nove grupos do IPCA-15, por sinal, a média de preços ficou abaixo em relação ao ano passado em seis deles.