Jornal Correio Braziliense

Economia

Lançamento de ações na bolsa voltam com força com recuperação econômica

Motivadas pela recuperação econômica, nove companhias abriram o capital em 2017. Carrefour alcançou o maior valor de mercado. Hermes Pardini teve a maior valorização


Até quando o interesse pela busca de recursos na Bolsa deve continuar? Alexandre Espírito Santo, economista da Órama (plataforma digital de investimentos) e professor de macroeconomia e finanças do Ibmec-Rio, lembra que o mercado brasileiro de ações leva vantagem em relação a muitos países por conta da legislação e da fiscalização por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essas regras rígidas atraem especialmente fundos e investidores estrangeiros e, em volume bem menor, alguns investidores pessoa física.



;Apesar do movimento visto neste ano, o mercado de capitais brasileiro ainda é pouco explorado;, diz Espírito Santo. ;Ele poderia ganhar alguns incentivos para se tornar mais atraente, já que é uma ferramenta extraordinária para movimentar a economia em virtude da quantidade de recursos que as empresas conseguem captar e investir para expandir seus negócios e gerar emprego;, acrescenta.

[SAIBAMAIS]Segundo o economista da Órama, entre as explicações para o aumento da procura por abertura de capital está a mudança nas regras dos juros cobrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em seus empréstimos, a partir de 2018, passando de TJLP (a taxa de juros de longo prazo, de 6,75% em dezembro, ante a taxa básica de juros, a Selic, de 7%) para TLP (taxa de longo prazo), o que diminuirá o subsídio desse dinheiro e tornará a taxa mais próxima da cobrada pelas instituições financeiras em outras modalidades de financiamento. ;Com mais empresas buscando recursos no mercado de capitais, o BNDES vai ficar cada vez mais voltado a companhias que não teriam condições de fazer um IPO;, opina Espírito Santo.

Eleições


O especialista acredita que 2018 deve ser mais tímido em quantidade de IPOs. Isso porque será um ano de eleições presidenciais, o que deverá tornar o mercado mais inquieto do que o normal. ;É um cenário que terá turbulência, em maior ou menor medida, por isso algumas empresas poderão adiar seus planos de buscar recursos na Bolsa;, acredita o economista. O que pode diminuir esse clima de trepidações econômicas, segundo ele, seria um tom ;não tão exageradamente radical; por parte dos candidatos ao Palácio do Planalto.



Marcos Sarmento Melo, sócio da Valorum Consultoria Empresarial e professor de finanças do Ibmec-Brasília, também acredita que os IPOs sejam mais tímidos em 2018. ;Como deve ser um ano de ritmo menor na Bolsa, formas mais baratas de captação de recursos pelas empresas, como lançamentos de debêntures, devem ser mais procuradas;, avalia. Melo acredita ainda que, por conta das mudanças da TJPL para TLP, devam surgir outras linhas de crédito com juros mais baixos. ;Isso pode se tornar um concorrente para os IPOs;, opina.

Seja por meio de IPOs ou de linhas de crédito, Melo acredita que as empresas deverão manter uma expectativa otimista em relação à economia brasileira. ;Essa demanda por novos recursos pode até aumentar, já que muitos trabalham com a crença de que a recuperação já começou;, diz o especialista. ;Se a capacidade de produção das empresas não for ampliada a partir de agora, oportunidades poderão ser perdidas.;