Maiza Santos*
postado em 02/01/2018 20:15
A tecnologia blockchain, conhecida por ser empregada nas operações envolvendo a criptomoeda Bitcoin, promete uma revolução nas transações bancárias e na forma como as informações são armazenadas, apontam especialistas. O grande diferencial da estrutura de dados e registros compartilhados é a agilidade e a segurança imprimida nas transações.
;Essa tecnologia faz com que o custo seja muito menor e haja uma agilidade maior. O banco de dados é distribuído na rede, não tem um lugar central, por onde as informações devem passar;, explica o professor de inovação digital do Ibmec Marcelo Minutti.
De olho nos benefícios da tecnologia, instituições financeiras do mundo inteiro fazem testes e, aos poucos, vão incorporando o sistema em seus serviços. A última foi a American Express que, em novembro, introduziu pagamentos instantâneos utilizando a Ripple ; uma rede de pagamentos transfronteiriços.
A iniciativa é uma parceria com o banco Santander. Os clientes da American Express podem efetuar transferências para clientes do banco espanhol, que estão no Reino Unido, em tempo real e sem a necessidade de cartão de crédito. Todos os envolvidos podem rastrear a transação e ver seus custos. De acordo com as empresas, a ideia é ampliar o serviço no futuro.
Para Minutti, nos próximos anos, vai haver uma revolução nos sistemas financeiros. ;Alguns bancos centrais de vários países já estão fazendo testes com blackchain para garantir a segurança em transações entre países. O Banco Central brasileiro tem um grupo de estudos. Tudo é registrado na rede e modificar o que foi feito é muito difícil, por isso as possibilidades de fraudes serão cada vez menores;, avalia.
Os riscos ainda estão sendo mensurados por ser, relativamente, recente. A head da área de Tecnologia e Entretenimento do Vinhas e Redenschi Advogados, Sandra Rogenfisch, não descarta os perigos envolvendo hackers, mas acredita que a plataforma oferece mais segurança do que as transações tradicionais.
;Está sendo testado todo dia. Na medida que em aparecem riscos, eles são contornados. As empresas priorizam os prazos, mas sem deixar de lado a segurança. Só os clientes têm acesso às informações;, afirma.
Segundo ela, a aplicação da blockchain vai muito além das transações bancárias. "Contribui para uma mudança importante na forma como se faz registros. O mercado de ações tem uma série de intermediários que, com a tecnologia blockchain, pode reduzir custos. Até na internet das coisas, operações que se repetem com frequência, cadastros através de códigos matemáticos", pontua.
*Estagiária sob supervisão de Leonardo Cavalcanti