Jornal Correio Braziliense

Economia

Apesar dos esforços do governo, entraves dificultam venda da Eletrobras

Dúvidas a respeito de dívida das subsidiárias e sobre constitucionalidade da MP que permite a privatização reduzem chance de o negócio sair



[SAIBAMAIS]Na questão mais urgente, a venda das seis distribuidoras, o governo sofreu um revés dentro de casa. Enquanto a Eletrobras julga que suas distribuidoras têm a receber R$ 8,5 bilhões em créditos do fundo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aponta passivo de R$ 4 bilhões. Para Elena Landau, advogada, economista e ex-presidente do Conselho da Eletrobras, o principal problema são justamente as divergências internas. ;Sabendo da urgência na privatização das distribuidoras, a Aneel levou um ano para fazer uma revisão de um acórdão e ainda chegou a uma discrepância deste tamanho;, lamentou.

Comando


A especialista ressaltou a necessidade de comando para solucionar as pendências, sob pena de a privatização do grupo não ser concretizada em 2018. ;Se o governo está abrindo o capital com diluição, é porque as empresas precisam de recursos. Agora, se o novo modelo quer colocar para dentro da Eletrobras as dívidas das subsidiárias, não faz sentido vendê-las. Mais vale a liquidação;, opinou.

Segundo a modelagem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a venda das distribuidoras será pelo preço mínimo de R$ 50 mil, com o compromisso de os compradores injetarem R$ 2,4 bilhões nas empresas. As elétricas, avaliadas em R$ 10,2 bilhões pelo banco, têm dívidas de mais de R$ 20 bilhões.

No entender do especialista em energia do escritório LVA Advogados Rodrigo Leite, é pouco provável que a Eletrobras seja privatizada em 2018. ;O ano eleitoral atrapalha muito e a decisão de vender ou liquidar as distribuidoras passa pelo Congresso;, afirmou. Ele esclareceu que há uma controvérsia sobre quem fica com as dívidas das companhias. ;Pela lei das S/As, na hipótese de extinção do ativo, a União não responderia pelos débitos. Contudo, empresa pública não está sujeita a falência e recuperação judicial, então existe uma dúvida de como seria a responsabilidade pelos débitos;, disse.

Procuradas, a Eletrobras disse que não vai se pronunciar sobre as distribuidoras até a assembleia e a Aneel não respondeu.


  • Banco Mundial prevê que Brasil crescerá 2%


  • O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2% este ano e 2,3% em 2019, de acordo com projeções do Banco Mundial, divulgadas ontem. Para 2017, é esperado um crescimento de 1% ; maior do que as previsões do mercado de 0,7%. Para a economia global, a instituição prevê crescimento de 3,1% da atividade econômica neste ano, após uma alta estimada de 3% em 2017. Segundo o banco, a recuperação das exportações deve fortalecer a expansão da economia nos países emergentes e em desenvolvimento, que deve chegar a 4,5% neste ano. Para a América Latina, a projeção é de avanço de 2% em 2018 e de 2,6% em 2019.