Bruno Santa Rita*
postado em 23/01/2018 19:02
O primeiro mês do ano apresentou aceleração na prévia da inflação oficial brasileira. Porém, o crescimento ficou abaixo da expectativa do mercado, de 0,42%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) apontou variação de 0,39% em janeiro e ficou acima da taxa de 0,35% apresentada em dezembro. Essa é a menor nível para um mês de janeiro desde 1994, com exceção de janeiro de 2017, quando apontou 0,31%.
Em janeiro, o grupo Transportes demonstrou o mais elevado resultado entre os outros grupos, com 0,86%. Porém, foi o setor de Alimentação e bebidas que puxou o crescimento do IPCA-15, com registro de 0,76%. O aumento neste setor, que não acontecia há sete meses, ocorreu, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devido à pressão dos alimentos consumidos em casa, que variou 0,97%.
Outro aspecto que influenciou na elevação do índice foram os combustíveis, em especial a gasolina. Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli, a gasolina tem refletido muito na vida do brasileiro de classe média. ;O preço do combustível gera um impacto direto no orçamento doméstico;, sinaliza.
Na visão de Piscitelli, o aumento do grupo Alimentação e bebidas é inesperado. "Não há problemas de safra nem fenômenos climáticos que venham comprometendo as principais culturas", justifica. Ele informa, ainda, que o aumento do setor pode estar relacionado à expectativa mais favorável dos consumidores quanto a economia. "Há a sensação de um relativo alívio. Isso pode ter levado as pessoas a consumirem mais produtos", argumenta. O especialista acrescenta que o aumento é razoável, já que no ano passado alimentos e bebidas contribuíram no sentido contrário, puxando a inflação para baixo.
Sobre o aumento do índice de 0,35% (dezembro) para 0,39% (janeiro), o professor explica que não se trata de uma variação muito grande, e que no início do ano é normal ter uma leve elevação na inflação. Apesar disso, ele destaca que os dados podem ser avaliados como uma resposta ao baixo crescimento econômico do país. "A gente não experimenta uma fase de crescimento significativo. Isso ajuda a explicar o fato de vermos taxas muito baixas, e até mais baixas que as expectativas do mercado", detalha, a respeito da marca de expectativa do mercado, que ficou em 0,42%.
* Estagiário sob supervisão de Anderson Costolli