Segundo Paulo Petroni, diretor executivo da CervBrasil, os primeiros seis meses do ano passado foram ruins para os fabricantes. A partir do terceiro e quarto trimestres, e acompanhando o aumento da renda média do brasileiro, houve acréscimo considerável da produção. ;Acho que vamos empatar com 2016, porque cresceram muito os volumes no último trimestre de 2017 para preparar as vendas de verão;, estima.
As empresas apostam em avanço ;sem nenhuma explosão; em 2018, segundo Petroni. ;Temos que continuar nessa trajetória do terceiro trimestre para o quarto trimestre do ano passado e, gradativamente, crescer nos trimestres de 2018;. A produção das cervejarias brasileiras está atrelada à disponibilidade de renda dos consumidores. Se há alguma folga no orçamento, boa parte dela será gasta com cerveja.
;No ano de 2017, foi impressionante como essa relação ocorreu. Todas as medidas, como a redução da inflação e dos juros, somadas à tênue melhora do emprego, fizeram com que sobrasse mais dinheiro para o consumo de cerveja, que aumentou especialmente entre os brasileiros da classe C;, diz o diretor da CervBrasil. Pesquisa realizada pelo banco UBS comprova que deve haver reversão nos volumes de produção e consumo do setor, atingindo um ponto de inflexão em 2018. O relatório da instituição aponta também que, com a recuperação da economia, os consumidores estão inclinados a experimentar as marcas premium, produtos que têm preços mais altos.
Cervejas especiais ainda têm pouca participação no mercado, cerca de 15%, ante 70% das chamadas cervejas comuns. ;As do tipo premium são um forte na intenção do consumo das classes A e B. Quando há uma melhora na renda, o pessoal da C também passa a experimentar;, observa Petroni. Na pesquisa da UBS, foram ouvidos 1.512 consumidores regulares de cerveja, entre 18 e 54 anos, para analisar as tendências de consumo de bebidas alcoólicas. Os entrevistados confirmaram que os gastos com cerveja estão aumentando e devem continuar se acelerando o ano todo. A recuperação da demanda, segundo o relatório do UBS, deve resultar na melhora das margens de lucro dos fabricantes.
O setor sofreu com a crise dos últimos anos. As empresas saíram de um período de 10 anos (2003 a 2012) de crescimento médio de 5% ao ano para retração de 2% nos últimos dois anos. ;É uma mudança brusca em uma cadeia muito extensa;, diz Petroni. A retomada é real, mas, segundo o executivo, é cedo para prever quando a indústria voltará a crescer 5% ao ano.
O Grupo Petrópolis, dono da marca Itaipava, informou, por meio de nota, que o atual cenário, ;timidamente positivo;, permite perspectivas otimistas para este ano, depois de um período de recessão. O grupo deposita suas esperanças na expansão da abrangência territorial da sua operação e no valor agregado da marca Itaipava, que se consolidou desde o fim de 2016 como a cerveja mais vendida no país, segundo levantamento do Instituto Nielsen. Ambev e Heineken, que lideram o mercado, foram procuradas, mas não quiseram se manifestar.
O mercado em números
; Faturamento anual de R$ 70 bilhões; 50 parques fabris
; 1,2 milhão de pontos de venda
; 40 mil veículos na frota
; 2,2 milhões de empregos
Fonte: CervBrasil
A produção no Brasil
(em bilhões de litros)2010 - 12,9
2011 - 13,3
2012 - 13,7
2013 - 13,4
2014 - 14,1
2015 - 13,8
2016 - 12,1*
2017 - 13,3**
*Referente à produção de janeiro a outubro de 2016, último dado disponível
** Previsão
Fonte: Sicobe/RF