Bruno Santa Rita*
postado em 28/01/2018 07:00
Deixar de pagar aluguel e ter uma casa própria é sonho de muitos brasileiros. A tarefa não é fácil e uma série de decisões precisa ser tomada até que se bata o martelo. Durante esse processo, um dos passos mais importantes, apontam especialistas, é definir a forma de pagamento do imóvel. A contratação de um consórcio pode ser uma opção para quem não tem pressa. Já o financiamento bancário, com cuidado, pode trazer o imóvel em menor tempo. Porém, tudo isso deve ser feito com cuidado.
Segundo o educador e terapeuta financeiro Jônatas Bueno, a melhor opção para comprar a casa própria e, consequentemente, se livrar do aluguel, é poupar dinheiro. ;Ir poupando, mesmo que um valor pequeno, e investir em formas conservadoras de investimento são a melhor opção;, indica. Segundo Bueno, os investimentos com caráter conservador, como os fundos de renda fixa, podem garantir rentabilidade até a hora de pagar pelo imóvel, reduzir o número de parcelas e as taxas de juros do empréstimo.
Com o dinheiro poupado, pode vir à cabeça do comprador a opção do financiamento com um valor de entrada. Nesse caso, o educador financeiro recomenda que se dê uma entrada de pelo menos 30% do valor do imóvel. ;Quanto maior a entrada, menos pagará nas parcelas. Quanto menor for a dívida e por menos tempo, melhor;, recomenda. Ele lembra que, ao fazer o financiamento, é bom levar em conta que as parcelas significarão um compromisso mensal. ;Tem que ter muito cuidado com o valor da prestação. O imóvel é do banco, da financeira, se o valor for muito alto, pode ser que a pessoa tenha problemas para pagar, e aí, o banco pode pedir o imóvel de volta;, alerta o especialista.
Bueno ainda recomenda que, para definir se a prestação cabe no bolso, é bom fazer um diagnóstico completo sobre as despesas. ;Com a avaliação dessas despesas, como IPVA do carro, mensalidade da escola dos filhos, alimentação, viagens, entre outras, as pessoas conseguem uma noção e podem admitir uma prestação sem correr muitos riscos;, pondera. Bueno também alerta para que os compradores fiquem atentos à realização de outros sonhos, como viagens e graduação dos filhos.
;Tem-se que poupar uma reserva estratégica;, recomenda. Para o educador financeiro, é de extrema importância que se monte uma reserva financeira que dê suporte à compra. Dessa forma, é possível se prevenir. ;Nunca se sabe se vamos ser demitidos, pode surgir um novo filho na família. Com a reserva, é possível garantir uns seis meses de autonomia até que consiga se reestabelecer;, reforça. Ele também destaca que é muito importante que a escolha do imóvel contemple os planos de longo prazo da família. Deve ser levado em conta espaço para filhos e até mesmo distância do imóvel até o trabalho.
Cuidados
A outra opção para o comprador é fazer um consórcio. Nessa opção, ocorre a junção de pessoas físicas ou jurídicas que se reúnem com a finalidade de adquirir um bem por meio do autofinanciamento. Ou seja, os participantes do consórcio adquirem uma cota e pagam prestações mensais, formando uma poupança para a compra. Mensalmente, os participantes são contemplados por meio de sorteio ou de lances recebendo a carta de crédito. Ao final do prazo, todos terão recebido sua carta de crédito para adquirir um imóvel.
Outra possibilidade que sempre vem à cabeça é a venda de bens para conseguir parte do dinheiro para dar entrada no imóvel. Essa opção pode ser boa, caso surja uma oportunidade. Por exemplo, quando se possui dois carros e não existe a necessidade de ambos, vender um deles pode ser bom para captar recursos para a compra da casa própria. Segundo o economista Luiz Calado, essa condição pode ser uma boa opção. ;O desemprego evoluiu muito, muitas pessoas perderam o emprego. Incerteza sobre se você vai continuar naquela região pode afastar a possibilidade de você comprar um imóvel;, explica. Ele acrescenta que, nessas situações, uma das possibilidades seria ir morar com a família ou em repúblicas, onde o custo de moradia é menor. ;Com o que você economiza morando nesses lugares, você pode comprar um imóvel ou entrar em um consórcio, por exemplo;, sinaliza.
Sobre investimentos, Calado é bem categórico. ;Se seu objetivo de compra é a longo prazo, vale arriscar um pouco; se não, é preferível uma renda fixa ou poupança;, ressalta.
Já em situações problemáticas, como demissão ou redução salarial, o professor de economia da Universidade de Brasília, Newton Marques, afirma que é necessário noção da sua nova situação. ;A vida deu uma marcha à ré em você. Você precisa aceitar e dar uma marcha à ré também;, aumenta. Marques ainda alerta que a situação não é simples. Se você foi demitido ou sofreu uma redução salarial durante o pagamento do financiamento, será necessário complementar a renda para que possa cumprir com as parcelas mensais.
Newton aponta duas opções claras: ou vende-se o imóvel, ou o aluga. ;As duas não são ideais, mas é preciso abrir mão de certas coisas nessas situações;, indica.
*Estagiário sob supervisão de Paulo Silva Pinto