Economia

"O importante é trazer votos", diz Marun sobre mudanças na Previdência

Ministro afirma ser possível que o governo aceite uma nova proposta deixando apenas dois pontos: idade mínima e equiparação dos sistemas previdenciários

Rosana Hessel
postado em 30/01/2018 18:52
Fontes palacianas afirmam que há apoio de 275 e 280 deputados no momento, o mesmo patamar de antes do adiamento da votação no fim do ano passado.

O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, não descartou a possibilidade de uma nova desidratação na reforma da Previdência, mantendo apenas dois pontos: idade mínima e equiparação dos sistemas previdenciários, desde que isso traga mais votos para a aprovação.

;Se houver condições de (algum deputado) trazer uma proposta que traga com ela votos e não interfira naquilo que consideramos princípios fundamentais da reforma, ou seja, idade mínima e igualdade dos regimes previdenciários, nós até podemos ouvir. E eu estou ansioso para isso;, afirmou Marun nesta terça-feira (30/01), em entrevista coletiva convocada por ele para falar sobre vários assuntos, como a reforma previdenciária.

De acordo com Marun, a estratégia do governo ;está sendo extremamente exitosa; e há chances de a proposta ser aprovada em fevereiro. Ele afirmou que a proposta não está desidratada, apesar das inúmeras mudanças já sofridas. ;A proposta mantém os pilares daquela que foi inicialmente apresentada: idade mínima e igualdade de regimes previdenciários. Uma aprovação disto, de forma nenhuma, pode ser considerada uma ação desidratada;, frisou.

O ministro negou que, ao sinalizar uma nova mudança na proposta da reforma, o governo estará cedendo a pressões da base aliada. ;Não é o caso de ceder. O governo é um governo de diálogo. Em nenhum momento estamos fechados para qualquer possibilidade de diálogo. O que não queremos é aquela conversa que não leva a lugar nenhum. Ideias que não tragam consigo o compromisso e responsabilidade de apoio e de votos;, disse. ;E sendo trazida alguma proposta que não interfira nesse princípio, que seja o regime previdenciário para todo o brasileiro, e que exista a idade mínima, o respeito às particularidades, nós receberemos essa proposta com respeito;, reforçou.

Pesquisa


Marun citou ainda uma pesquisa que foi contratada pelo governo e divulgada nesta terça-feira (30/1) pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Moreira Franco, sobre a opinião da população sobre a mudança no sistema de aposentadorias. ;Já temos nesse momento pesquisas que garantem que 44% é o número dos que reprovam a reforma da Previdência, sendo que 63% da população aprova a existência de um regime único de Previdência para todos os brasileiros;, disse.

Marun tem uma reunião no início da noite desta terça-feira (30/01) com os líderes do governo no Congresso Nacional e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na residência oficial do deputado democrata, para acertarem os ponteiros sobre a votação da reforma da Previdência, marcada para 19 de fevereiro, na Câmara. ;Hoje começamos de uma forma mais orgânica e mais organizada a reta final. Estamos a cerca de 20 dias do início da discussão e votação dessa proposta, e começamos hoje a nos organizar de forma mais racional;, disse Marun.

O governo precisa de 308 votos para aprovar a reforma na Câmara. Fontes palacianas afirmam que há apoio de 275 a 280 deputados no momento, o mesmo patamar de antes do adiamento da votação no fim do ano passado.

O ministro Marun disse ainda que, nessa reunião de líderes, não será discutido o impasse sobre a posse da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho. ;Isso não está em discussão. Essa questão está sendo discutida na Justiça e temos a mais absoluta convicção de que prevalecerá o necessário respeito à Constituição, o respeito ao que ela diz no artigo 84 inciso primeiro com a garantia da prerrogativa privativa do presidente da República nomear e exonerar ministros;, afirmou.


Demandas econômicas


Marun contou ainda que, mais cedo, recebeu o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, para falar sobre as prioridades da autarquia no Congresso Nacional. ;O presidente do BC nos trouxe uma pauta econômica, que é de interesse do banco e que ele entende para a recuperação da econômica brasileira. São sete projetos de lei que o BC entende como prioridade e solicitando para que seja priorizado;, explicou Marun.

Segundo o ministro da articulação política do presidente Michel Temer, ele ouviu atentamente o chefe do BC, da mesma forma como recebeu o ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, há poucos dias com ;várias considerações semelhantes;. Entre as propostas apresentadas por Goldfajn, Marun citou a aprovação do cadastro positivo e uma proposta sobre fundos que ele não soube detalhar. ;Comuniquei aos dois (ministros) que, no mês de fevereiro, a nossa pauta é a reforma da Previdência. E que essas questões seriam priorizadas apenas após a aprovação (da reforma);, disse. ;E ambos compreenderam que o mais importante para o Brasil neste momento é a aprovação da reforma;, completou.

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