postado em 31/01/2018 06:00
O comércio deve criar 80 mil empregos neste ano, o dobro do que foi gerado no ano passado, disse ontem o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Em 2018, houve a primeira alta do setor depois de três anos seguidos de queda. O setor de turismo também se recupera. No próximo Carnaval deve ser registrada a primeira alta no faturamento durante esse período depois de três anos de queda.
Os números do comércio no ano passado ainda não estão fechados, mas o crescimento deve ficar em torno de 4%, de acordo com a estimativa de Bentes. Mesmo com a alta, porém, o setor ainda está com vendas 20% mais baixas do que no início da recessão, em 2014, e só deverá atingir o patamar daquele ano em dois anos.
[SAIBAMAIS]Além das quedas da inflação e dos juros, que favorecem as vendas, Bentes destacou o impacto da reforma trabalhista como algo que impulsiona a criação de vagas no comércio e em toda a economia, o que acaba favorecendo indiretamente o varejo. ;A reforma não retirou nenhum direito do trabalhador, só formalizou práticas que já ocorriam. Embora seja cedo para medir o impacto, acredito que foi positivo;, disse.
De acordo com o economista, apesar de a retomada econômica em nível nacional ser clara, em Brasília esse processo é mais fraco. ;Isso acontece porque o setor público tem um peso muito grande no Distrito Federal, assim como no Rio de Janeiro;, afirmou Bentes. ;O setor público não deve contratar tanto neste ano e a renda, provavelmente, não vai crescer. Isso atrapalha a recuperação do comércio;, destacou.
Bentes informou que a inadimplência diminuiu no país e que um dos motivos foi a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). ;Isso ajudou bastante. Foi um ano de resgaste das condições de consumo;, disse.
O economista destacou que o recuo das taxas de juros no país para o consumidor e empresas ainda não é suficiente. ;O que falta é mais concorrência entre os bancos, medidas microeconômicas e uma redução na carga tributária;, indicou. ;É importante cobrar alguma contrapartida dos bancos para repassar essa redução ao consumidor final. Às vezes, medidas microeconômicas e rearranjo das condições de crédito podem provocar impacto positivo para o consumidor.;