Jornal Correio Braziliense

Economia

Especialistas afirmam que moedas virtuais vieram para ficar

À espera de mais regulação, o bitcoin, o litecoin e o ethereum também poderiam cair na mira das autoridades fiscais e atrapalhar os investidores, segundo analistas

A cifra de 530 milhões de dólares supera a do roubo, em 2014, na plataforma MtGox, também japonesa, que levou o governo de Tóquio a obrigar esse tipo de empresas a obter uma licença prévia. Após o roubo da Coincheck, o ministro de Finanças japonês, Taro Aso, admitiu que seu governo "precisa reforçar a supervisão". Também disse que faltaram à plataforma "conhecimentos de base e bom senso".

Em países como Coreia do Sul ou China, onde as moedas virtuais também são muito populares, as autoridades já anunciaram sua intenção de regulamentar sua criação e as trocas. Na mesma linha, o primeiro-ministro indiano, Arun Jaitley, anunciou na quinta-feira que as criptomoedas não têm curso legal no país e que tomará "todas as medidas para eliminar" seu uso como sistema de pagamento, em particular em atividades ilegais.

Segundo Stephen Iennes, a onda de regulamentação era previsível, levando em conta que até agora "o marco regulatório na Ásia era espantoso e atraia criminosos com objetivos muito apetitosos".

Entusiasmo não cede


A regulamentação das criptomoedas também foi uma das preocupações do Fórum de Davos, realizado recentemente na Suíça, onde o ministro de Finanças britânico, Philip Hammond, pediu prudência aos governos. Já o Facebook anunciou que vai proibir a publicidade de criptomoedas em seu site para evitar fraudes.

Tudo isso tem consequências para o bitcoin, a mais conhecida de todas as moedas digitais, que chegou a valer 20 mil dólares, antes de cair a menos da metade. No entanto, apesar da sua má reputação, o entusiasmo não diminui.

A BitFlyer, a principal plataforma japonesa de troca de bitcoins, afirma ter mais clientes desde o roubo da Coincheck. "Muitas pessoas estão interessadas em criptomoedas, e em nossa plataforma o número de novas demandas para abrir uma conta aumentou", disse o diretor financeiro Midori Kanemitsu.

Os atores da indústria tecnológica estão convencidos de que não há volta e que, mesmo se algumas criptografia desaparecerem, outras virão substituí-las. "As fraudes acontecem. As pessoas que optam por usar esta tecnologia terão de levar em consideração o risco associado", afirmou Ken Kawai, especialista em regulação financeira e em tecnologia de "blockchains", que está por trás da criação das moedas digitais.

À espera de mais regulação, o bitcoin, o litecoin e o ethereum também poderiam cair na mira das autoridades fiscais e atrapalhar os investidores, segundo analistas. De acordo com Hikaru Kusaka, cofundador da Blockhive, uma empresa de inovação, os consumidores vão abandonar as criptomoedas fracas e só as melhores sobreviverão. "Talvez nem todas as criptomoedas desapareçam, mas novas chegarão e haverá um processo de seleção", indica.