O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nas próximas terça e quarta-feira e deve reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 6,75% ao ano. Caso a decisão seja confirmada, os juros atingirão o menor patamar da história. Entretanto, a principal dúvida dos analistas é se esse será o último corte da Selic no ano. Um grupo de economistas avalia que a tendência é de que o Banco Central (BC) deixe a porta aberta para uma queda adicional na reunião do colegiado, marcada para 20 e 21 de março.
Na avaliação do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, o BC cortará os juros em 0,25 ponto percentual em fevereiro, já que o cenário básico da autoridade monetária evoluiu conforme o esperado. Mesquita defende que não houve surpresas que levassem a equipe de Ilan Goldfajn a acreditar em risco maior para a trajetória da inflação. Além disso, ele ressaltou que a tendência é que a decisão de março deva permanecer em aberto.
O economista do Itaú Unibanco explicou que, mesmo que as expectativas de aprovação da reforma da previdência neste início de ano sejam frustradas, as autoridades podem considerar apropriado um pouco mais de estímulo, dada a magnitude da ociosidade da economia. A votação das alterações nas regras para concessão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está marcada para 19 de fevereiro, mas o próprio governo admite que não tem os 308 votos suficientes para o texto seguir para o Senado Federal. ;Assim, mantemos nossa visão de que o fim do ciclo só virá em março, com um corte final de 0,25 ponto percentual, levando a taxa Selic para 6,5%;, disse.
No mercado, o principal consenso é que o mais importante nessa reunião do Copom é a mensagem que será deixada sobre o próximo encontro, destacou o economista-chefe do banco Haitong, Jankiel Santos. ;O BC deixará a porta aberta para cortes adicionais ou informará que esse deve ser o último movimento? Acreditamos que a primeira opção é o cenário mais provável;, disse. Para ele, isso deve ocorrer porque a autoridade monetária tem demonstrado que gosta de contar com todos os graus de liberdade para tomar a decisão que considerar mais adequada.
Apesar disso, ele não aposta em um novo corte de juros em março, a menos que novas surpresas inflacionárias positivas surjam nas próximas semanas.