Economia

Presidente da Petrobras: "culpa pela alta da gasolina não é da estatal"

"Não podemos correr o risco de impor distorções ao balanço da Petrobras, praticando preços que são diferentes na realidade internacional", disse Pedro Parente

Simone Kafruni
postado em 05/02/2018 16:50
Pedro Parente, presidente da Petrobras
Em Brasília, para coordenar ações sobre a renovação do conselho de administração da Petrobras, o presidente da companhia Pedro Parente, disse, ao sair do Ministério de Minas e Energia (MME), nesta segunda-feira (5/2), que a petroleira não é responsável pela alta dos combustíveis. "A Petrobras não tem poder de formar preços. Trata-se de uma commodity internacional, que tem uma formação de preço pelo mercado. Não podemos correr o risco de impor distorções ao balanço da Petrobras, praticando preços que são diferentes na realidade internacional", disse.


Parente ressaltou que o valor que a Petrobras cobra na refinaria é apenas um terço, em média, do total repassado ao consumidor. ;O problema certamente não está neste um terço. Eu não posso ter um ato de voluntarismo e dizer que ;apesar do preço no mercado internacional ser um, nós vamos praticar outro;. Não podemos fazer isso, é uma responsabilidade nossa como administradores;, acrescentou.

Conforme apuração do Correio, os postos do Distrito Federal aumentaram a gasolina em mais de 27% desde que a Petrobras adotou a nova política de preços com reajustes praticamente diários, em julho de 2017. De fato, na refinaria, o aumento acumulado desde então é de menos de 10% por conta de vários ajustes para baixo, com reduções significativas, que os estabelecimentos comerciais nem sempre repassam ao consumir.

Para o ex-presidente da Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) Ruy Coutinho, não é o fato de a Petrobras praticar ajustes nos preços conforme as oscilações do mercado internacional que facilita a formação de cartel. ;Não acho que isso seja o motivo. Vários cartéis existiram antes dessa política e foram combatidos pelo Cade;, afirmou. Na opinião de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), é de responsabilidade do próprio consumidor ficar de olho nos preços. ;Há milhares de postos no país. Quando notar que os preços são muito iguais, tem que denunciar;, disse.

Conselho


Parente está em Brasília nesta segunda-feira com a agenda cheia. O presidente da Petrobras foi no MME para conversar sobre o conselho de administração da companhia. ;Está chegando a data da Assembleia e está vencendo o mandato de um conselheiro, então viemos conversar com o acionista controlador, que o governo, por meio do Ministério de Minas e Energia. Daqui estamos indo conversar com o Ministério do Planejamento, que coordena as estatais, para relatar todo o processo;, explicou.

O mandato de Pedro Parante como presidente da Petrobras vai até abril de 2019. ;Eu só posso ser presidente da empresa sendo conselheiro e o conselho vence todo em abril de 2018. É um passo formal que o meu mandato seja renovado em 2018 e se espera uma renovação majoritária;, afirmou. Ele ressaltou, contudo, que há questões relacionadas ao representante dos funcionários. ;A atual representante não vai se recandidatar;, acrescentou.

Parente preferiu não falar sobre cessão onerosa, o regime no qual há uma discussão entre governo e Petrobras para ver quem tem direito sobre o excedente em óleo. ;A reunião sobre cessão onerosa é em 7 de fevereiro, mas eu não sou da comissão da negociação. Entendo que, depois que começou o processo de negociação, é melhor não falar nada sobre o assunto.

Pedro Parente também vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) fazer uma visita à presidente, ministra Cármen Lúcia. ;Na semana passada, estive visitando a procuradora geral (da República) Raquel Dodge. Farei uma visita, igualmente institucional, no STF;, afirmou.

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