Jornal Correio Braziliense

Economia

Cresce disputa pelo comando do BNDES; Câmara e Planalto influenciam escolha

Além de Rabello de Castro querer fazer substituto, o presidente da Câmara e o ministro da Fazenda pretendem influenciar na escolha do novo presidente do banco em abril



O mais provável, entretanto, é que o cargo seja objeto de negociações políticas, como ocorre historicamente com as estatais. Fontes ligadas ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), não negam que ele tem interesse em pleitear para um aliado político a Presidência do BNDES. O governo federal pode ceder aos parlamentares para conseguir aprovar medidas que diminuem os gastos públicos em 2018 ae estão esquecidas no Congresso desde o ano passado.

Além disso, apesar de o banco estar sob o guarda-chuva do ministro Dyogo Oliveira, há interesse do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que a instituição se adeque às necessidades da pasta, já que Rabello de Castro nunca teve uma relação amistosa com a equipe econômica. O presidente da instituição teve embates com os ministros em algumas situações, principalmente quando discordava das devoluções do BNDES ao Tesouro Nacional e da substituição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP).


Repasses

O governo precisou de R$ 50 bilhões em 2017 para cumprir a regra de ouro ; que impede o Executivo de se endividar para pagar despesas correntes, como salários de servidores. Para se manter dentro da norma em 2018, o governo precisará de cerca de R$ 130 bilhões. Mesmo contrariado, Rabello de Castro diz que devolverá os recursos, sendo que R$ 30 bilhões ainda em fevereiro.

Além das inimizades conquistadas nos últimos meses, o atual presidente do BNDES está sendo investigado por um esquema de desvios no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Ele foi alvo da Operação Pausare, da Polícia Federal. Rabello de Castro é fundador da agência de avaliação de riscos SR Rating, que, segundo as investigações, fez avaliações ;superficiais; sobre investimentos que o Postalis estava interessado em realizar, sem utilizar embasamento técnico. O presidente do banco negou as irregularidades e afirmou que o diagnóstico sobre as operações estavam corretos. O Postalis teve um prejuízo de mais de R$ 100 milhões nas operações.