A possibilidade de abastecer o tanque a um preço mais baixo escapou pelos dedos do consumidor nos últimos dias, antes que ele pudesse sentir alívio no bolso. Em seguida de um recuo de 3,9%, o maior do ano, no preço da gasolina nas refinarias, a estatal anunciou, ontem, um aumento de 1,5%, que entra hoje em vigor. O preço do diesel caiu 0,8%, após uma uma queda de 2,3%.
Em Brasília, aparentemente, as reduções de preço anunciadas pela Petrobras não têm sido repassadas ao consumidor. Entre 8 e 16 de fevereiro, a gasolina teve redução de 6,9% nas refinarias, mas, nas bombas, os preços se mantiveram praticamente estáveis. Ontem, dos 29 postos do Plano Piloto visitados pelo Correio, apenas dois não seguem o padrão dos valores de R$ 4,29 ou de R$ 4,25.
O servidor público Carlos Lopes, 53 anos, disse que só tem encontrado gasolina pelo mesmo valor nos revendedores. ;É estranho, porque, na refinaria o reajuste ocorre todo dia. A gente nunca sabe se os postos estão abusando do lucro;, comentou. A servidora pública aposentada Ana Francisca de Sousa, 58 anos, disse que é difícil para o consumidor acompanhar os reajustes diários. ;Acabamos reféns do preço que os postos cobram, principalmente porque quase todos estão, praticamente, com o mesmo valor;, afirmou.
A impressão do consumidor é a de que o setor está, novamente, contaminado pela prática de cartel. Na semana passada, o governo solicitou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à Polícia Federal investigações sobre a revenda de combustíveis.
A Petrobras mudou a política de preços em julho de 2017. Desde então, os reajustes são pautados de acordo com avaliações de todas as condições do mercado. Questões como o câmbio e as cotações internacionais do barril do petróleo influenciam o valor repassado. Dessa forma, os ajustes ocorrem quase que diariamente, para cima ou para baixo.
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo