Rosana Hessel
postado em 20/02/2018 15:29
Após abrir em queda um dia depois de os ministros da área econômica apresentarem um plano paliativo de 15 medidas recicladas para compensar o novo adiamento da reforma da Previdência, as perdas da bolsa pela manhã foram revertidas no início da tarde, mas o dólar continuou em alta.
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrava queda de 0,35% às 10h56 desta terça-feira (20/02), a 84.504 pontos, na contramão das bolsas internacionais que subiam. À tarde, o Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da B3, subia 1,56% por volta das 14h45, a 86.114 pontos, embalado, pelo salto de 8,8% nos papeis da Eletrobrás. O câmbio não cedeu e manteve o ritmo de alta de 0,4% da manhã, cotado a R$ 3,249 para a venda.
A privatização da Eletrobrás foi incluída no pacote de 15 medidas apresentado pelos ministros na noite de ontem. No entanto, a maioria das propostas já havia sido anunciada pelo governo e precisam de aval do Legislativo, como é o caso do projeto de desestatização da Eletrobrás, o da taxação de fundos exclusivos e o da proposta de saque integral do fundo soberano.
A volatilidade da bolsa nesta terça-feira indica dúvidas se o anúncio do governo convenceu efetivamente. Especialistas já tinham colocado no preço dos ativos que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Previdência não seria aprovada este ano e, por conta disso, na semana passada, a B3 não despencou. Logo esse sobe e desce indica que o mercado está monitorando os passos do governo.
Medidas velhas
O economista Rafael Cardoso, do Daycoval Investimentos, evitou comentar sobre a reação do mercado, mas reconheceu que o pacotão do governo, em sua maioria, é composto de ;medidas velhas que estavam engavetadas;. ;Não há novidade mas, aparentemente, o governo deixa uma batalha perdida e vai tentar algumas batalhas que tem mais chances de vencer. A maioria das propostas são via projeto de lei, que precisa de menos votos para ser aprovados do que uma PEC e há menos impacto popular;, destacou ele, citando que as medidas que envolvem o Banco Central, como a nova regra para o cadastro positivo, merecem destaque.
Daqui para frente, entretanto, tudo vai depender como será a eleição presidencial deste ano, explicou a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, em entrevista ao CB.Poder, nesta terça-feira. Segundo ela, o risco eleitoral é que será monitorado nos próximos meses, pois o mercado aposta em um candidato reformista. Logo, se uma pessoa com esse perfil não conseguir se eleger, tudo piora no cenário econômico, e, ou seja, o crescimento não virá, os juros e a inflação subirão, o desemprego aumentará e a bolsa voltará a cair fortemente.
Alessandra lembrou que, a exemplo do corte de notas da Standard & Poor;s, que colocou o país três degraus abaixo do selo de bom pagador, outras agências agora podem fazer o mesmo após a confirmação de que não será possível votar a reforma da Previdência neste ano. ;Se não houver um comprometimento do próximo presidente com a agenda de reformas, com certeza, novos rebaixamentos virão no ano que vem;, alertou a especialista, lembrando que o maior problema são as contas públicas que precisam voltar ao equilíbrio.