Bruno Santa Rita*
postado em 22/02/2018 18:23
O período de recessão econômica vivido nos anos de 2015 e 2016 que deixou sequelas para 2017, aparentemente, não afrontou o mercado hoteleiro na América do Sul. Um dos exemplos das empresas que lidou com a crise e conseguiu expandir o seu negócio foi a rede AccorHotels. No ano em questão, o volume de negócios na região cresceu 1,7%, considerando o plano de desenvolvimento e aquisições da empresa no continente. Há também a perspectiva positiva para 2018. Para o quarto trimeste, a tendência é de recuperação em todos os segmentos combinados (13,9%). O plano para a empresa até 2020 é operar 500 hotéis na região. Hoje, o grupo conta com 329.
;O ano de 2017 foi um ano de transição. Conseguimos manter nossos negócios e adquirir novos contratos;, explica o CEO da AccorHotels América do Sul, Patrick Mendes, em sua apresentação no evento de divulgação de resultados e expectativas ocorrido em São Paulo, na manhã de esta quinta (22/2). ;Tivemos três fatos positivos no ano. Primeiro, a economia do Brasil parou de cair; segundo, a taxa Selic alcançou seu resultado mais baixo em anos; por fim, os investidores se sentiram mais confiantes;, sinaliza. A divulgação mostrou que foram abertos 52 hotéis no ano de 2017 na região, o que representa uma média de abertura de um hotel por semana, número recorde para a empresa. Quanto a novos contratos, o ano passado possibilitou 43 novos contratos importantes para o crescimento da empresa.
Embora 2017 tenha sido um ano bom para a companhia e 2018 seja um ano de boas perspectivas, Mendes esboça suas preocupações para o que vem adiante. ;O controle da inflação é fundamental para o nosso negócio, se ela ficar instável, não conseguimos nos manter sem impacto;, informa. Ele também se mostra preocupado quanto à questão política atual do país. ;As eleições podem impactar. Embora eu entenda que haja uma dissociação entre política e economia hoje;, explica. Por último, o CEO demonstra grande preocupação com a situação de segurança no Rio de Janeiro, onde possui linhas de hotéis que sofrem com a situação atual. ;Precisa-se controlar a situação;, preocupa-se.
O Brasil
A fé da empresa no Brasil não é a toa. O brasileiro recebe grande parte da atuação da Accor em território nacional. A explicação, segundo Patrick é clara. ;O Brasil tem grande representatividade no PIB da América do Sul. Por isso queremos manter a proporção e ter grandes relações de trabalho aqui;, informa. Ele também acrescenta que o Brasil é um potencial econômico para o mercado hoteleiro e que as origens latinas da Accor e do Brasil geram afinidade para eles. ;Somos um dos únicos grupos não americanos no setor. Temos um apelo atrativo, culturas aproximadas;, admite. Outro motivo para o investimento no país é que as taxas de equipamento hoteleiro são mais favoráveis além do grande mercado a ser preenchido em relação à outros países. ;Aqui, a proporção de quartos de hotéis por brasileiro é muito menor do que as proporções em outros países;, argumenta.
Bem-estar
Segundo Patrick, todos os segmentos de trabalho da AccorHotels são pensados com o objetivo de proporcionar ao cliente não só um serviço de hospedagem, mas uma experiência. ;Nós investimos em projetos que, com inteligência artificial, podem memorizar o perfil do cliente. Assim, pretendemos oferecer o serviço personalizado para cada um;, sonha ao explicar os projetos de personalização de estilo para o futuro.
Contra partida social
A apresentação mostrou também que o número de mulheres em altos cargos na empresa é elevado e, segundo a diretora de comunicação da Accor América do Sul, Antonietta Varlese, a empresa também tem olhos para a comunidade LGBT, tanto no quesito de contratações, como no quesito de respeito e informação. ;Nós participamos de um fórum LGBT. Não queremos o ;pink money;. A empresa é amiga da comunidade LGBT;, garantiu. Ela também informou que todos os trabalhadores da empresa recebem treinamento específico para que o atendimento seja livre de qualquer preconceito.