Economia

Se país fizer reformas mais ousadas, PIB poderá crescer mais, diz OCDE

Secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, acredita que o PIB brasileiro tem potencial de crescer 20% ao longo de 15 anos

Rosana Hessel
postado em 28/02/2018 11:40
Para Gurría, Brasil precisa investir mais em trocas comerciais com outros países
Se o Brasil conseguir avançar na agenda de reformas mais ousadas, ele terá capacidade de crescer mais, ampliando o Produto Interno Bruto (PIB) em pelo menos 20% ao longo de 15 anos, afirmou o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, nesta quarta-feira (28/02), ao apresentar o Relatório Econômico de 2018 sobre o Brasil, na sede do Banco Central.
A entidade prevê a expansão de 2,2% do PIB brasileiro neste ano e de 2,4% no ano que vem. Segundo Gurría, no entanto, o país poderia crescer 1.4 ponto percentual a mais se medidas para melhorar o clima de negócios e reformas estruturais fossem adotadas.

;Estamos falando de uma recuperação da economia brasileira de uma recessão profunda. Mas ainda temos desafios de desigualdade;, afirmou ele, recomendando maior abertura econômica e comercial do país, pois o comércio externo tem participação inferior a um quarto no PIB nacional, enquanto em outros países, como Argentina e Chile, as trocas com outros países têm um peso de 60% do PIB.
Gurría elogiou o fato de o governo ter adotado algumas medidas para melhorar o crescimento do país que está em curso, mas criticou a baixa taxa de investimento do Brasil, uma das menores da OCDE, e também o fato a idade média de aposentadoria do brasileiro, de 55 anos, está muito abaixo da média dos países da entidade, de 65 anos e reforçou que a reforma da Previdência é ;urgente;.

O secretário ainda demonstrou bastante preocupação com a questão fiscal, principalmente com a dívida pública bruta, que poderá chegar a 100% do PIB ;nos próximos anos;. ;Isso é uma questão que vocês, ministros, não querem que aconteça, não é?;, questionou ele para a mesa dos ministros Ilan Goldfajn (BC), Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), que elogiaram o estudo de 173 páginas sobre o Brasil elaborado pela entidade.

;Esse relatório é uma validação externa sobre o país que muitas vezes foi duro e que começa a convergir com as nossas propostas e o que está sendo feito no Congresso nacional;, afirmou Meirelles.

O ministro do Planejamento reforçou o interesse da adesão do país à OCDE e afirmou que a adoção das recomendações feitas no estudo é muito importante nesse processo. ;O Brasil é um país de classe mundial e precisa estar alinhando aos seus pares, perseguindo políticas públicas de padrão mundial para de desenvolvimento. Fazendo as coisas certas, alçaremos o que os outros alcançaram e, fazendo as coisas erradas, continuaremos sendo um país inferior;, sentenciou Oliveira. (Colaborou Antonio Temóteo)

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