Economia

Fiat lança robôs de braços duplos para trabalharem em linha de produção

Para se enquadrar nos conceitos da indústria 4.0, empresa introduz novas tecnologias de ponta na sua linha de montagem localizada em Betim e investe em realidade virtual

Lino Rodrigues
postado em 01/03/2018 06:00
Automóveis no pátio da montadora Fiat Automóveis, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte
Depois de introduzir os exoesqueletos na linha de produção da fábrica de Betim, na Região Metropolitana de BH, no final do ano passado, a Fiat iniciou nesta semana os primeiros testes com robôs de dois braços. O YuMi, produzido pela ABB, está em teste desde o início de fevereiro e sendo utilizado para a certificação de dimensão de furos do cabeçote do motor, por meio de um apurado sistema de visão. Até agora, a empresa vinha utilizando modelos com apenas um braço, que trabalham ao lado do funcionário, melhorando a precisão das tarefas e reduzindo a fadiga.

Eles são uma espécie de ;garçom; mecânico, oferecendo peças e ferramentas ao operador. Além disso, ao contrário dos robôs industriais, que são grandes e precisam ficar em ambientes cercados, os robôs de precisão são seguros e ajudam a melhorar a produtividade do trabalho. Agora, com braço duplo e câmeras nas ;mãos;, estão sendo estudadas novas funções para eles dentro da fábrica.

A unidade produtiva dos motores FireFly foi a primeira a utilizar o robô colaborativo. Atualmente, são dois robôs da marca Pollux, instalados na operação de montagem do kit corrente do motor. O robô foi a solução para o abastecimento de diferentes peças em um único ponto, possibilitando a montagem delas em mais de uma operação. Graças à máquina, uma embalagem com todas as peças se movimenta ao longo das estações de trabalho, de forma sequenciada e em completa interação com o operador.

Para se enquadrar nos conceitos da indústria 4.0, empresa introduz novas tecnologias de ponta na sua linha de montagem localizada em Betim e investe em realidade virtualJá os exoesqueletos são equipamentos que, acoplados ao corpo do operador, diminuem o desgaste físico e também melhoram a produtividade. Eles são utilizados na linha de montagem para reduzir a sobrecarga nas pernas, braços, coluna e ombros. Antes de serem utilizados em linhas de produção, eram adotados por deficientes físicos.

A Fiat de Betim possui atualmente 21 conjuntos e outros três estão previstos para chegar em março. Os novos terão como função proteger os membros superiores. Eles utilizam ar pressurizado para reduzir o esforço do usuário. Todos esses equipamentos são importados da Suíça e dos Estados Unidos e custam entre US$ 4 mil e US$ 7 mil cada um.

Inovações como essas são parte do esforço da montadora italiana para inserir a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) dentro dos conceitos da indústria 4.0. Entre 2012 e 2017, a empresa investiu R$ 11 bilhões. Os recursos foram utilizados na modernização da planta de Betim, que inclui toda a mudança tecnológica, e no desenvolvimento de produtos.

;A inovação também está no centro da evolução da manufatura;, diz Marcelo Lima, coordenador do projeto Manufacturing 2020. ;Novos processos surgem para aumentar a qualidade e a produtividade, integrados ao conceito da Indústria 4.0.; Ele diz que o novo sistema nasce conectado a sistemas como internet das coisas, manufatura aditiva, realidade aumentada, entre outras soluções. ;Hoje em dia, a FCA é referêcia na Indústria 4.0 na América Latina ao investir em novas tecnologias digitais e na qualificação de profissionais;, acrescenta o executivo.

Digitais

A fábrica de Betim ganhou ainda uma sala de realidade virtual, onde é possível testar todo o processo produtivo antes da instalação de uma linha de produção. Os primeiros testes começaram na montagem do modelo Argo, em maio de 2017. Apenas nesse projeto foram investidos R$ 1 milhão, valor recuperado em oito meses. A sala, que utiliza o software IC.IDO, da francesa ESI, cria modelos digitais interativos e imersivos.

A Fiat foi a primeira empresa do setor automotivo no Brasil a utilizar o programa aplicado à manufatura, com o objetivo de agilizar os processos com qualidade e eficiência. ;Em oito meses de atividade, deixamos de gastar R$ 1,3 milhão. Identificamos os problemas antes que a produção começasse;, afirma o engenheiro Marcelo Lima.

Em outubro do ano passado, foi a vez de a empresa inaugurar o Centro de Simulação de Dinâmica Veicular em parceria com a PUC-MG. A universidade criou uma sala no câmpus para abrigar o simulador. O novo sistema, o primeiro da FCA no mundo, permite ao motorista simular todos os movimentos do veículo.

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