Economia

Economia brasileira cresce 1,0% e fecha 2017 com R$ 6,6 trilhões

Frente ao terceiro trimestre, na série com ajuste sazonal, o PIB teve alta de 0,1% no quarto trimestre de 2017

Simone Kafruni - Enviada Especial
postado em 01/03/2018 09:08
Houve altas na Agropecuária, de 13%,e nos Serviços, de 0,3%, e estabilidade na Indústria 0%
Rio de Janeiro ; Em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,0% em relação a 2016, após duas quedas consecutivas, ambas de 3,5%, em 2015 e 2016, divulgou nesta quinta-feira (1/3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O destaque ficou por conta da agropecuária, com alta de 13%, o melhor desempenho anual do setor desde 1996. Os serviços cresceram 0,3%, e a indústria fechou o ano passado estável, sem crescimento.

A geração de riquezas totalizou R$ 6,6 trilhões em 2017 e o PIB per capita variou 0,2% em termos reais, alcançando R$ 31.587. O destaque negativo foi da taxa de investimento, que caiu para 15,6% do PIB no ano passado, abaixo do observado no ano anterior, de 16,1%. Esse foi o pior desempenho da taxa dos investimentos desde o início da série histórica, em 1996, com a quarta redução anual consecutiva.

A taxa de poupança, por sua vez, subiu um pouco, a 14,8% em 2017, ante 13,9% em 2016. Frente ao terceiro trimestre, na série com ajuste sazonal, o PIB teve alta de 0,1% no quarto trimestre de 2017. Foi o quarto resultado positivo consecutivo nessa comparação, com a indústria e os serviços crescendo, respectivamente, 0,5% e 0,2%, enquanto a agropecuária ficou estável.

Em relação ao quarto trimestre de 2016, o PIB cresceu 2,1% no último trimestre de 2017, o segundo resultado positivo seguido nessa comparação, após um trimestre de estabilidade e 11 trimestres de queda: agropecuária teve alta de 6,1%, indústria de 2,7% e serviços, 1,7%.

[SAIBAMAIS]Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o número definitivo de 2017 só sairá em dois anos, incorporando pesquisas estruturais. ;O que divulgamos, a cada trimestre, é uma estimativa robusta;, alertou. Rebeca explicou que, com o crescimento de 1% em 2017, o país chegou ao patamar de 2011. ;Recuperamos apenas parte das duas quedas de 3,5% em 2015 e 2016;, disse.

A alta na agropecuária decorreu, principalmente, do desempenho da agricultura, com destaque para as lavouras do milho (55,2%) e da soja (19,4%). ;A contribuição da agropecuária foi impressionante no ano passado. Apesar de o peso do setor ser relativamente pequeno, de 5,3%, do valor adicionado de 0,9% em 2017, a agropecuária contribuiu com 0,7%;, assinalou. ;A soja tem o maior peso na lavoura brasileira;, completou. Por outro lado, registraram quedas a produção de café (-8%) e de cana (-10,5%).

Consumo das famílias tem crescimento

O consumo das famílias voltou a crescer, com alta de 1% no ano passado, e as exportações de bens e serviços tiveram expansão expressiva de 5,2%. ;O destaque negativo, pela ótica da produção, foi da construção civil, com queda de 5%. Por isso, a taxa de investimento ficou tão baixa. Mais de 50% dos investimentos são ligados à construção;, explicou.

Este é o quarto ano seguido de retração da construção. ;Não fosse o comportamento da construção civil, a indústria teria tido crescimento, em vez de ficar estável;, ressaltou Rebeca Palis. ;Com a crise fiscal, a primeira coisa que o governo corta é investimento. Mas essa queda também tem a ver com o setor privado;, avaliou. Houve redução de 6,2% na ocupação do setor e uma queda nominal de 2,2% das operações de crédito do sistema financeiro.

Rebeca Palis coordenadora de contas nacionais do IBGE detalha expansão da economia brasileira em 2017

Depois de três anos de queda, a indústria da transformação voltou a subir, 1,7% em 2017. ;Os destaques foram a indústria automotiva e a de máquinas e equipamentos;, disse a coordenadora do IBGE. O segmento com melhor destaque, no entanto, foi a indústria extrativa, com alta de 4,3%.

Serviços têm peso grande

Os serviços cresceram apenas 0,3% no ano passado, porém, Rebeca alertou que o peso do setor é muito grande na economia brasileira, atualmente, de 73%, por isso há uma contribuição significativa para o desempenho anual do PIB. ;O destaque foi o comércio, com alta de 1,8%, que reflete a melhora no consumo das famílias;, explicou.

A alta de 1% no consumo das famílias, depois de dois anos seguidos de queda, foi reflexo do crescimento da massa salarial real de 1,6% segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua do IBGE. ;Também influenciaram o crescimento nominal de 2,6% do saldo das operações de crédito para as pessoas físicas e as quedas da Selic e da inflação;, disse Rebeca. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 3,4% em 2017 ante 8,7% em 2016.

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