Agência Estado
postado em 20/03/2018 19:53
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a conclusão da reunião ministerial do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, que terminou nesta terça-feira, 20/3, em Buenos Aires, é que a economia mundial vai bem, mas há riscos, entre eles o de a inflação se acelerar e afetar o processo de normalização da política monetária dos países desenvolvidos.
[SAIBAMAIS]O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial não é "eufórico", mas é forte e sólido, disse Meirelles a jornalistas após o término da reunião. Ao falar dos riscos para o cenário da economia mundial, Meirelles disse que os governos estão "monitorando com cuidado". Um desses riscos é a inflação se acelerar nos países desenvolvidos, obrigando os bancos centrais a subir mais os juros, ressaltou ele.
A turbulência recente no mercado financeiro mundial, destacou Meirelles, foi um alerta de que os agentes estão "um pouco nervosos e preocupados". Ao mesmo tempo, o fato de a situação ter voltado normal mostra que os fundamentos da economia mundial ainda estão bem. "É importante as autoridades ficarem alertas e tomando as medidas necessárias, além das questões prudenciais."
Meirelles disse que ressaltou na reunião do G-20 que o Brasil está fazendo as reformas necessárias e que a economia do país voltou a crescer. A Fazenda, disse ele, mantém a previsão de que o PIB brasileiro deve avançar 3% este ano.
"Houve recuperação da atividade forte em dezembro, em janeiro houve correção", disse Meirelles ao falar da atividade brasileira aos jornalistas. Passada essa correção do começo de 2018, a economia brasileira já voltou aos trilhos.
Meirelles disse que um tema que foi bastante discutido na reunião do G-20 foi a questão comercial e a defesa do livre comércio. Também fez parte da reunião a possibilidade de tributação das operações digitais, como as compras pela internet
Operações digitais
Meirelles disse que os governos discutiram no encontro ministerial do G-20 a taxação de operações digitais, como compras pela internet, e que há interesse em tributar essas transações. "A conclusão é que temos que trabalhar com cooperação multilateral", afirmou a jornalistas na tarde desta terça-feira.
A razão do interesse dos governos por taxar essas operações é que há diferença grande de tributos no país que é sede da empresa que faz as vendas online do local onde está o consumidor "Hoje a pessoa vai em uma loja em determinada cidade e paga impostos ali. No momento em que compra pela internet, a tributação tem uma característica diferente", afirmou a jornalistas.
Ainda sobre o tema, Meirelles afirmou que a tributação das transações digitais é um "caminho natural". Ele ressaltou, porém, que há visões divergentes, dependendo da região do planeta onde está o país, sejam aqueles mercados onde estão sediadas as empresas digitais, sejam aqueles que fazem mais uso das transações. "O debate é intenso."
O Brasil já está estudando o assunto, mas os resultados da taxação digital vai depender de como as tratativas se desenvolvem no âmbito do G-20. "Unilateralmente é muito difícil fazer", ressaltou Meirelles. "Foi aberta a discussão. Tem uma série de questões que precisam ser esclarecidas."