Maiza Santos*
postado em 26/03/2018 20:18
Fortaleza (CE) - O adoecimento das pessoas afeta o rendimento no trabalho e, consequentemente, a produtividade da economia. Os problemas de saúde representam um custo cada vez maior para as empresas. Hoje, cerca de 60% dos planos de saúde são empresariais. Pensando nisso, o Serviço Social da Indústria (Sesi) desenvolveu uma tecnologia capaz de mensurar a economia gerada através da prevenção: a Ferramenta SESI de Cálculo do Retorno sobre o Investimento.
Lançada durante o evento SESI Health Summit, na última sexta-feira 23/03, em Fortaleza, a calculadora - desenvolvida em parceria com a Universidade de Johns Hopkins - oferece uma plataforma para identificar as principais doenças que afastam os funcionários de suas funções. A ideia é que a partir disso as empresas criem programas e estimulem os trabalhadores a reduzirem os fatores de risco que provocam essas doenças.
;A empresa pode usar os sistemas dela e fazer uma integração ou usar os programas do Sesi que estão dentro da plataforma. O uso é total do cliente, o trabalhador vai ter um canal dele que é web e também aplicativo, que possui desde comunidades ligadas a saúde e segurança como também feed de notícias e, principalmente, vai trazer os dados de saúde dele. Esses conteúdos podem e devem ser gerados pela gestão de saúde da empresa, campanhas específicas que a empresa pode publicar e engajar os trabalhadores, como campanha de vacinação;, explica Emmanuel Lacerda, gerente executivo de segurança e saúde na indústria do Sesi.
Com o envelhecimento da população e a necessidade de permanecer no mercado de trabalho por mais tempo, prevenir as doenças que afetam e afastam os brasileiros do trabalho virou prioridade. De acordo com pesquisas de universidades americanas, uma grande parte das doenças pode ser evitada com simples mudanças comportamentais. Maus hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, estresse, depressão e dormir pouco são alguns fatores de risco associados às principais enfermidades que atingem os brasileiros.
Os dados sobre a saúde dos funcionários devem ser colhidos pelas empresas e lançados no sistema criado pelo Sesi. Cada estabelecimento deve promover programas para incentivar os colaboradores a adotarem hábitos saudáveis. Através da ferramenta, a instituição terá um controle do retorno financeiro que esse investimento gera, tornando mais fácil a percepção dos resultados das ações.
Para Ron Goetzel, pesquisador da universidade Johns Hopkins, os resultados obtidos nos Estados Unidos indicam uma economia de US$ 4 para cada US$ 1 investido em ações preventivas. ;Se alguém trabalha quando não está com a saúde 100%, isso tem impacto financeiro também. A produtividade diminui. Para se engajar no trabalho, é preciso dormir bem, descansar o cérebro. Se você mantém hábitos que não são saudáveis prejudica a si e à empresa;, avaliou.
Algumas empresas já possuem iniciativas que promovem o bem-estar dos funcionários, visando a produtividade, a redução de afastamentos e prevenção e controle de doenças crônicas, mas não conseguem medir o impacto delas. Com a ferramenta, esse controle será possível.
Segundo uma pesquisa da Consultoria em Saúde e Benefícios Aon, para 25% das corporações estudadas, os custos de assistência médica podem chegar de 10,1% a 20% do total gasto com os colaboradores, fora o salário.
O dispêndio aumenta a cada ano porque os planos de saúde reajustam as mensalidades levando em consideração a sinistralidade, ou seja, a quantidade de vezes que os usuários utilizam o plano. E não só os empresários arcam com a conta. Conforme matéria publicada pelo Correio, na semana retrasada, nos últimos 10 anos, a conta dos planos de saúde fechou no vermelho em seis.
A análise da sinistralidade do plano de saúde é feita com a ferramenta, que consegue ter um mapeamento da saúde dos colaboradores das empresas. A partir desses cálculos, é possível direcionar os investimentos em saúde das empresas, dividindo por riscos e custos.
Por exemplo, se uma empresa identifica uma grande quantidade de colaboradores indo a ortopedistas e fisioterapeutas por conta de problemas na coluna, ela poderá criar um programa de saúde direcionado para essa questão, o que deve diminuir a sinistralidade do plano e os índices de ausências no trabalho.
*Estagiária sob supervisão de