Hamilton Ferrari
postado em 29/03/2018 09:21
O Banco Central espera um crescimento de 2,6% e uma inflação de 3,8% em 2018. As projeções estão no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado na manhã desta quinta (29/3) pelo órgão. Segundo o documento, que quadro positivo ;esbarra; no elevado nível de ociosidade dos fatores de produção.
Do lado dos preços, o cenário básico para a inflação neste início de ano, segundo o BC, evoluiu de forma mais benigna do que o esperado. ;Os preços de alimentos, responsáveis por parcela importante da surpresa desinflacionária em 2017, voltaram a apresentar variação atipicamente negativa em fevereiro;, destacou. Para 2019, a projeção do IPCA é de 4,1%.
De acordo com a autoridade monetária, o conjunto dos indicadores mostra recuperação ;consistente; da economia e destacou a produção agropecuária em 2017, ano em que a safra foi recorde. O relatório diz que o desempenho da economia está associado ao aumento do consumo e da massa salarial real, que está em elevação, favorecida pela baixa inflação e retomada do emprego, além da recuperação de crédito com a queda da Selic.
Por isso, as projeções para a atividade econômica leva a continuidade da expansão do consumo, além de investimentos, ;movimento já apontado por indicadores mais recentes, em especial pela absorção doméstica de bens de capital;.
O quadro mais positivo, porém, também esbarra no elevado nível de ociosidade dos fatores de produção, impactada, principalmente, pela taxa de desemprego. ;Destaca-se, entretanto, que a retomada da economia tem se traduzido em redução gradual da ociosidade. Particularmente no mercado de trabalho, a taxa de desemprego tem seguido a tendência de queda, refletindo crescimento do emprego em ritmo ligeiramente superior à expansão da força de trabalho;, defende BC.
Cenário externo
O Banco Central ainda vê que o cenário externo está favorável, com crescimento econômico global disseminado e baseado em inflação baixa em outras nações. Apesar disso, persistem riscos de que uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira afete ;prêmios de risco; e ;eleve a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária;. ;Esse risco se intensifica no caso de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes;, alertou o BC.
Ainda segundo o relatório, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic na última reunião de 6,75% ao ano para 6,5% ao ano, reforçou a continuidade do ;processo de normalização gradual das políticas monetárias nos países centrais;. ;Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional. O Comitê julga que este estímulo adicional mitiga o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas;, avalia.
Apesar disso, o BC ressalta que a visão pode ser alterada caso dessa ;mitigação; se mostrar desnecessária. Para as reuniões seguintes, o BC vê como adequada a interrupção do processo de corte de juros.