Hamilton Ferrari
postado em 29/03/2018 12:39
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, declarou em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (29/3) que de acordo com o cenário atual, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve adotar uma pausa na flexibilização monetária após a próxima reunião. Ele sinalizou que o grupo deve cortar a Selic em mais 0,25 ponto percentual, fazendo com que os juros ficassem em 6,25% ao ano.
A ;pausa; ocorreria após a próxima reunião, em maio, mas, segundo o presidente do BC, as decisões vão depender do cenário econômico. ;Quando a gente olhar no meio do ano e estivermos olhando majoritariamente para 2019, nós vamos analisar o que já ocorreu, as projeções para mais à frente, vamos olhar os riscos que se apresentam e só depois tomar uma decisão;, apontou. ;Isso significa que nós podemos pausar por algum tempo;, completou. A interrupção seria necessária para avaliar os ;passos; do Copom.
Ele destacou que a ;parte mais difícil da política monetária vai começar;, que é a de assegurar que a trajetória de inflação venha a convergir, numa velocidade adequada para a meta, é assegurar conquistas de índice de preços e juros baixos, para se manterem por um tempo prolongado. Ele fez questão de diferenciar que é preciso fazer com que o cenário positivo seja estrutural, em vez de conjuntural.
As declarações ocorrem depois que a autarquia divulgou o Relatório Trimestral de Inflação, . Ele apontou que foi o ;melhor relatório de inflação; que leu nos últimos tempos
Goldfajn apontou que o país está crescendo de forma ;consistente;, mas que é preciso dar continuidade às reformas, citando a mudança no sistema previdenciário e a autonomia do Banco Central. Ele destacou que o cenário externo atual é benigno, com juros mais baixos, com fluxo de capital e crescimento global. Mas, se ocorrer o contexto se tornar ;mais adverso;, a não aprovação de medidas reformistas poderiam potencializar ;riscos;.
Quanto à autonomia do BC, o presidente da autoridade monetária alegou que a discussão sobre a proposta está ;andando bem;. ;O governo está avaliando a melhor forma legislativa de encaminhar o projeto. Está indo de acordo com o esperado;, disse. Perguntado se o texto será aprovado ainda este ano no Congresso Nacional, Goldfajn respondeu: ;eu espero que sim;. Goldfajn também destacou que, com a saída do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, da pasta, as políticas econômicas e monetárias não vão mudar.
Cheque especial
Goldfajn também destacou que a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) vai anunciar, em abril, mudanças no cheque especial. De acordo com ele, a medida visa mudar o ambiente de créditos no país e reduzir o spread bancário.
O presidente do BC também afirmou que os juros bancários estão caindo de forma ;mais ou menos compatível; com outras experiências de cortes, mas defende que gostaria de uma queda mais rápida das taxas bancárias. ;E nós estamos trabalhando para isso;, afirmou, destacando que o BC está adotando medidas para ampliar a concorrência e diminuir custos.
Divulgação
A coletiva de imprensa desta quinta (29/3) foi a primeira de uma nova iniciativa do Banco Central em tornar a comunicação do órgão mais ;clara; e ;objetiva;. A intenção é de que Goldfajn faça quatro entrevistas coletivas de imprensa por ano, que ocorreriam sempre na divulgação dos Relatórios Trimestrais de Inflação. ;Isso é feito em vários Bancos Centrais do mundo e acreditamos que é um avanço na transparência e é um passo bem-vindo;, afirmou Ilan Goldfajn.
Além de fazer o balanço do cenário econômico, cabe ao presidente do BC discursar sobre a condução da política monetária. A coletiva de imprensa também é transmitida pelo canal da autarquia no YouTube.