Economia

Marfrig Global Foods anuncia aquisição de 51% da National Beef

O negócio foi fechado por US$ 969 milhões

Paula Pacheco/Estado de Minas
postado em 10/04/2018 06:00

Homem corta peça de carne


São Paulo ; A Marfrig Global Foods deu um passo importante para se consolidar no mercado internacional. A empresa brasileira anunciou ontem a aquisição de 51% de participação na National Beef, a quarta maior empresa de carne bovina dos Estados Unidos e dona de 10% de participação nas vendas naquele mercado. O negócio foi fechado por US$ 969 milhões.

;Com a compra, a companhia deve assumir o posto de segunda maior processadora de carne bovina do mundo, com uma plataforma global de produção e um faturamento consolidado de R$ 43 bilhões;, informou a Marfrig em comunicado. Na bolsa de valores paulista, a notícia foi bem recebida. Tanto que as ações dispararam e chegaram a uma valorização de 17% durante o dia.

A Marfrig Global Foods divide-se em duas operações. A Beef concentra as operações do Brasil e América do Sul (e gerou, em 2017, 52% da receita), enquanto a Keystone, comprada em 2010, tem sede nos Estados Unidos e responde por 48% das vendas.

A MMS Participações (de Marcos Molina, presidente do conselho de administração, e Márcia Pascoal Marçal dos Santos) detém 35% das ações da Marfrig Global Foods. O BNDESPar é dono de 33,74%, enquanto que a Brandes Invest Partners tem 10,01% dos papéis. Os outros 21,24% estão pulverizados no mercado.

A aquisição não estava no radar de analistas das instituições financeiras, já que se imaginava que a Marfrig estivesse focada apenas na venda da Keystone, que tem contado com a ajuda do JP Morgan.

Segundo relatório do BTG Pactual, o negócio entre a Marfrig e a National Beef surpreendeu o mercado e agora o plano para vender a Keystone passa a ser oficial. À primeira vista, segundo a instituição financeira, o acordo é uma surpresa, especialmente considerando o fato de a Marfrig estar em um momento de redução de dívidas.

Para o BTG Pactual, a compra da National Beef, que faturou no ano passado US$ 7,3 bilhões, ;faz parte do seu plano estratégico, que também inclui a decisão de vender a Keystone Alimentos;. A novidade, diz o banco, ;é que a Marfrig está falando abertamente sobre a venda integral da Keystone;, o que teria um efeito importante na relação dívida líquida/Ebitda.

De acordo com a direção da Marfrig, com a aquisição da National Beef e a planejada venda da Keystone Food, a previsão é de que a alavancagem caia para 2,5 vezes até o fim de 2018. Os resultados da companhia americana serão consolidados pela Marfrig, reduzindo o nível de endividamento do grupo brasileiro para 3,35 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (o chamado Ebitda), ante 4,55 vezes no fim do ano passado. A transação será 100% financiada por um empréstimo do banco Rabobank.

O comunicado divulgado pelo grupo brasileiro reforçou a preocupação com a preservação financeira da companhia. ;Com a transação, teremos operações nos dois maiores mercados de carne bovina do mundo, chegaremos a países consumidores extremamente sofisticados e conseguimos crescer mantendo uma rigorosa disciplina financeira;, informou o presidente executivo da Marfrig, Martín Secco.

Expansão

Em 2017, a Marfrig apresentou um Ebitda ajustado de R$ 1,7 bilhão. Com a National Beef, o Ebitda passa a ser de R$ 3,4 bilhões. ;A compra da National Beef reflete nossa estratégia de crescimento sustentável;, disse Marcos Molina, presidente do conselho de administração da Marfrig Global Foods, por meio de nota. ;A partir de agora, nos transformamos na empresa brasileira do setor com a melhor saúde financeira, traduzida nos menores índices de alavancagem.;

A National Beef é controlada desde 2011 pela holding de investimento americana Leucadia National Corportation, dona de 79% do capital. Ela vai transferir o controle acionário para a Marfrig e permanecerá como acionista minoritária da empresa, com 31% do capital total. Já a US Premium Beef, associação de produtores norte-americanos, ficará com 15% e outros acionistas com os 3% restantes. A expectativa é concluir a aquisição até o fim do primeiro semestre deste ano.

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