Hamilton Ferrari
postado em 10/04/2018 12:07
O chanceler Mohammad Javed Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã, afirmou que, apesar de mais de 40 anos de restrições e sanções ;ilegais; dos Estados Unidos (EUA) no campo de energia nuclear contra os iranianos, o país conseguiu se desenvolver em diversos campos e, hoje, se firma como um país sereno e seguro, ;podendo ter uma presença séria e ativa em diversas áreas da economia;.
As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (10/4) durante o Seminário sobre as Relações Econômicas e Comerciais Brasil-Irã, que ocorreu na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Javed Zarif destacou que os dois países apresentam ;determinação; e ;vontade; econômica em comum e enalteceu a parceria entre as nações. ;Caros amigos, Irã e Brasil são dois parceiros muito antigos. As nossas relações já ultrapassaram de 100 anos e, hoje, as transações comerciais representam de US$ 2,6 bilhões;, afirmou, mas apontou que a maior parte decorre das compras iranianas no Brasil. ;Existe necessidade de equilíbrio dessa relação;, disse.
Ele destacou que as duas economia são consideradas emergentes e estão acelerando o desenvolvimento para o futuro. Javed Zarif destacou que há diversos avanços tecnológicos no país e que o evento é uma oportunidade para definir novos pontos de cooperação. ;O mais importante é uma relação de segurança bancária. Nesses últimos dois anos, após o acordo nuclear, estabelecemos bom contato com o Brasil para estabelecer certas relações, mas ainda não chegou ao nível desejado. Eu sinto que precisamos que os dois governos ajudem o setor privado para que ajude (as relações) através de facilidades bancárias;, destacou.
O chanceler iraniano destaca que é preciso um contato maior entre os bancos privados dos dois países para a trocas comerciais. O Brasil fornecerá uma linha de crédito de US$ 1,2 bilhão para que o Irã invista em projetos comerciais estratégicos para as duas nações. Javed Zarid alegou que é uma ;agenda de longo prazo;.
O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil, Marcos Jorge de Lima, apontou que o encontro é uma oportunidade ;valiosa; para aprofundar o relacionamento com o maior contato entre as classes empresariais dos dois países. ;Podemos desenvolver projetos conjuntos. No Brasil, notamos que o Irã tem buscado modernizar o parque industrial e a infraestrutura;, destacou o ministro, destacando que o Brasil pode ser um grande parceiro comercial. Lima alegou, também, que o Brasil deseja equacionar as restrições bancárias do país oriental da forma mais breve possível.
Atritos internacionais
O chanceler iraniano vem para o Brasil depois que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, defendeu que o Irã é o ;Estado-líder; no patrocínio do terrorismo. Em janeiro, ele ameaçou retirar o país do acordo nuclear em 12 de maio, fim do prazo de ;ultimato; para endurecimento do texto.
O governo norte-americano pode impor sanções econômicas e comerciais ao Irã, que estão atualmente suspensas. A visita chanceler iraniano ao Brasil ocorre três dias antes da primeira visitado de Trump, como presidente dos EUA, à América Latina. Ocorrerá a Cúpula das Américas, em Lima, onde o presidente Michel Temer também deve participar.
Acordo nuclear
De acordo com a Agence France Presse (AFP), o presidente iraniano Hasan Rohani, afirmou, durante um evento do Dia Nacional da Tecnologia Nuclear em Teerã, que o governo dos Estados Unidos ;lamentará; se decidir sair do acordo nuclear com o país. ;Não seremos os primeiros a violar o acordo, mas (Washington) deve saber imperativamente que lamentará se violar;, disse Rohani.
O presidente do Irã disse ainda que o país estão ;muito mais preparado do que pensam;. ;Se violarem o acordo, em uma semana, em menos de uma semana, verão o resultado;, apontou.
O acordo nuclear foi assinado em 2015 entre o Irã e mais seis nações (Eua, China, Alemanha, França, Rússia e Reino Unido). Na prática, o acordo deve evitar que o Irã adquira a bomba atômica, mas Trump avalia que não há garantias suficientes para a segurança internacional.