Bruno Santa Rita*
postado em 10/04/2018 19:30
A utilização do conceito de eficiência energética pode poupar à indústria brasileira R$ 4 bilhões em 2020. Isso representaria um total de 16,330 MWh, que, comparado com outras formas de produção de energia ativas hoje no Brasil, seria equivalente a 17,9% da geração de Itaipu, em 2017. O número também corresponde a 41% da geração total estimada para a usina de Belo Monte e seria 3,6 vezes a produção da usina termelétrica a carvão do Porto Pecém 1. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), Alexandre Moana, o que falta para garantir essa eficiência é a implementação de políticas no sentido de obrigar as empresas a serem eficientes. O dados foram oferecidos pela Comerc energia, baseados na estimativa feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Já no âmbito comercial, a economia para o mesmo espaço de tempo pode ser de R$2,4 bilhões, representados em 7,028 MWh. Em relação às comparações com as produções atuais de energia, seria equivalente à 7,2% da produção de Itaipu em 2017, 17,6% da geração total estimada de Belo Monte ou 1,6 vezes a produção da usina termelétrica a carvão de Porto Pecém 1.
Moana explicou que o atraso no sentido da eficiência energética do Brasil não está presente no atraso em inovação tecnológica na área. "O que falta é o mecanismo de política de inserção disso. Mudanças tecnológicas nós temos bastante", afirmou. Moana acrescenta que, por exemplo, instalar placas fotovoltaicas e continuar desperdiçando energia é como utilizar insumo ambiental para sustentar o desperdício.
No espectro mundial, Moana frisa que a questão da obrigatoriedade é muito importante para que se prevaleça a preocupação com a questão da eficiência energética nas empresas. "Não há um lugar onde isso não tenha acontecido se não por obrigatoriedade", argumenta. Ele explicou, ainda, que apenas 32% dos países do mundo têm políticas sobre eficiência energética. "Todo o resto do mundo, os outros 68%, não tem nenhuma política para isso", sinaliza.
Sobre o momento político no país, Moana se mostra positivo quanto ao andamento do setor. "A tendência ideológica que fica é a transparência de números", explica. Segundo ele, essa transparência é crucial para que as empresas se conscientizem da necessidade de melhorar a eficiência nas produções. "Como vou saber a ação de uma eficiência, se não tenho números para medí-la", explica. Ele ainda compara a reforma da eficiência energética no país com a reforma trabalhista. "Ela não ganha tanto a imprensa como a trabalhista porque ela não é tão acessível, mas o setor elétrico é profundo e suficiente para se assemelhar a essas reformas", informa.
Meio ambiente
A eficiência energética também pode ofecerer uma contrapartida ambiental. Quando se vem à emissão de Dióxido de Carbono (CO;) na atmosfera, poderá se deixar de emitir, até 2020, um total de 6 milhões de toneladas de CO;, considerando o âmbito industrial. Já no âmbito comercial, evitaria-se o prejuízo de 2,6 milhões de toneladas de CO; jogadas no ar. Para o diretor da Comerc Esco, Marcel Haratz, a questão ambiental é algo que deve ser mudada na cultura de toda a sociedade. "A gente precisa mudar esse mind setting", propõe.
"Prosumidores"
Haratz também define uma nova forma de ver o consumo e a produção de energia para os próximos anos. Segundo ele, os consumidores também poderão se tornar produtores. Como é no caso das pessoas que instalam placas fotovoltaicas em suas casas. Elas produzem a energia que consomem. "Grande parte utilizará a energia solar residencial e isso vai ser uma mudança na matriz energética mundial muito grande", acrescenta.
Além dessa forma de produção de energia por parte dos consumidores, Marcel também cita que as formas de armazenar serão outras. Um estudo da Bloomberg informa que o preço das baterias de íon (que são as baterias usadas em nossos celulares) tiveram uma queda de 79% entre 2010 e 2017 em seu preço.
*Estagiário sob supervisão de Ana Letícia Leão.
*Estagiário sob supervisão de Ana Letícia Leão.