O orçamento do brasiliense continua pressionado pelo preço da gasolina. Na maioria dos postos, o combustível é vendido, em média, a R$ 4,26. Dos 29 estabelecimentos pesquisados pelo Correio, em apenas três a gasolina foi encontrada a menos de R$ 4 e, mesmo assim, só para quem paga em dinheiro ou com cartão de débito. Os clientes que optam pelo crédito são obrigados a desembolsar R$ 4,29 pelo litro do combustível. Nas bombas do DF, o valor do etanol varia de R$ 3,50 a R$ 3,62; e o do diesel, de R$ 3,70 a R$ 3,80.
O preço do diesel, no entanto, pode variar nos próximos dias, já que, ontem, a Petrobras anunciou aumento de 0,35% nas refinarias. O litro do combustível nas distribuidoras passa de R$ 1,9752 para R$ 1,9822. O valor da gasolina se manteve inalterado, em R$ 1,7199. Desde 3 de julho do ano passado a estatal adota novo formato de ajuste de preços, que ocorrem com maior frequência, inclusive diariamente.
Para o serralheiro Diego Dias, 29 anos, o preço do combustível tem grande impacto no orçamento familiar. Ele terá dificuldade de manter o uso do carro se todos os postos venderem gasolina a R$ 4,26. ;Acho bem caro e não sei se tem necessidade para tudo isso. Como consumidor, tento lidar com a alta, buscando os preços mais baixos. Mesmo sendo só no débito ou em dinheiro, acho que compensa;, disse.
Fábio Bentes, economista sênior da CNC, explicou que existem dois motivos para o aumento do preço da gasolina nos últimos meses. ;Sem colocar juízo de valor sobre ser pertinente ou não, a Petrobras tenta acompanhar o mercado exterior e repor o que perdeu quando o petróleo subia lá fora e a gasolina aqui dentro não acompanhava;, esclareceu.
O segundo motivo é a tributação. O aumento do PIS/Cofins, no ano passado, mudou o patamar do preço. ;A consequência não poderia ser outra para o consumidor;, afirmou. De acordo com Bentes, o efeito claro desse processo de reajustes é a queda na venda.
A professora Patrícia Nunes, 39 anos, contou que se surpreendeu ao ver que em São Paulo a gasolina e o diesel estão cerca de R$ 1 mais barato que no Distrito Federal. ;É uma diferença muito grande e o DF, nitidamente, ainda enfrenta cartel. Para fugir disso, alguns postos encontraram a estratégia do pagamento à vista. O problema é que, não tendo como deixar de rodar, o cliente vira refém dessa forma de pagamento se quiser economizar um pouco;, opinou.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira