Economia

Vagas de emprego crescem pelo terceiro mês seguido

No trimestre, foram criadas 204.064 vagas com carteira assinada. Resultado é melhor do que o do mesmo período do ano anterior

postado em 21/04/2018 11:09
Setor de serviços e da construção civil estão entre os que mais contrataram em março As vagas com carteira assinada cresceram pelo terceiro mês consecutivo. Em março, foram criadas 56.151 oportunidades formais, consequência de 1.340.153 admissões e de 1.284.002 desligamentos, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Foi o melhor resultado para o mês desde 2013. Com isso, no primeiro trimestre de 2018, o saldo foi de 204.064 contratações ante o fechamento de 68.866 vagas no mesmo período de 2017.

;O Brasil segue a rota da retomada do crescimento, com o mercado aquecido e a certeza de que estamos no rumo certo. O trabalho continua e hoje é mais um grande dia, pois esses resultados confirmam nossa expectativa;, afirmou o ministro do Trabalho, Helton Yomura. Para o economista Helio Zylberstajn, da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e coordenador do Projeto Salariômetro, embora a expectativa, em relação a 2018, seja de melhora no emprego, o resultado de março deve ser visto com cautela.

Zylberstajn chama a atenção para o fato de as oportunidades com carteira assinada estarem caindo desde o início do ano. Em janeiro, foram criadas 82 mil vagas, em fevereiro 65 mil e, agora, 56 mil. ;O lado bom neste mês foi a reação do setor de serviços e da indústria de construção civil, importantes, principalmente, para a mão de obra com pouca qualificação. Mas a abertura de vagas está perdendo o ritmo. Esperávamos que houvesse aceleração ao longo do ano, com dados mais animadores;, disse. Na atual conjuntura, segundo o economista, é complicado até apontar uma tendência.

Incremento

Considerando apenas os meses de março, em relação aos últimos anos, houve um incremento desde 2013. As 56.151 mil vagas são significativas no confronto com a perda de 63.624 empregos somente em março de 2017, aos 118.776 postos a menos, em 2016, ou até mesmo ao tímido resultado de alta no emprego, com 19.282 oportunidades, em 2015, e com as 13.117, em 2014. ;No entanto, as vagas ainda estão mais de 50% abaixo das 112.548, de 2013. Se imaginarmos que, por exemplo, acrescentaríamos 60 mil oportunidades mensais, seriam pouco mais de 700 mil por ano. Tudo indica que nem isso será possível. Tem muita coisa acontecendo que não depende somente da economia e que não anda. No Brasil, ainda não se sabe o rumo que a política vai tomar, porque sequer estão definidos os próximos candidatos;, reforçou o economista da USP.

Para Emerson Casali, especialista em relações do trabalho e diretor da CBPI Produtividade Institucional, ;ainda é muito cedo para afirmar que o mercado está aquecido, ou que os investidores vão retornar com mais segurança ao país. Mas é inegável que está havendo uma melhora no emprego;. ;Os juros baixos têm um grande poder de puxar a economia, ou seja, consumo e investimento. As incertezas do ambiente político e eleitoral, porém, são o fator negativo. Com isso, mesmo que 2018 feche no azul, uma melhora mais significativa, talvez, somente em 2019. Temos um longo caminho pela frente e muitas perguntas dos investidores que precisarão ser respondidas;, acentuou Casali.

De acordo com os dados do Caged, seis dos oito principais setores econômicos tiveram saldo positivo. O setor de serviços foi o destaque, com a criação de 57.384 vagas, seguido da indústria de transformação, com mais 10.450 postos, construção civil (%2b7.728), administração pública ( 3.660), extrativa mineral ( 360) e serviços industriais de utilidade pública ( 274). Dois setores tiveram saldos negativos: agropecuária (-17.827 postos) e comércio (-5.878). Entre as regiões, três apresentaram saldos positivos no emprego, e duas, resultados negativos.

Os melhores desempenhos foram no Sudeste, com acréscimo de 46.635 postos; Sul, com 21.091; e Centro-Oeste, com 2.264. Registraram queda no emprego o Norte0 (-231) e o Nordeste (-13.608). Quinze estados e o Distrito Federal tiveram variação positiva, e 11, variação negativa. Os maiores saldos de emprego ocorreram em São Paulo ( 30.459), Minas Gerais ( 14.149), Rio Grande do Sul ( 12.667), Paraná ( 6.514), Goiás ( 5.312) e Bahia ( 4.151). Com desempenhos negativos, Pernambuco (-9.689), Alagoas (-6.999), Mato Grosso (-3.018), Sergipe (-2.477), Pará (-787) e Mato Grosso do Sul (-646).

Reforma já dá frutos

De acordo com o Ministério do Trabalho, a Lei 13.467/2017, que alterou vários pontos da Consolidação das Leis do Trabalho, já pode ser identificada nas estatísticas. ;Os resultados apontam que a reforma continua avançando, embora devagar. É sinal de que os medos que o movimento sindical tentou trazer para a cabeça das pessoas não estão se concretizando. Isso porque a jornada parcial e o trabalho intermitente cresceram de forma equilibrada, apontando para o fato de que ninguém vai mandar gente embora para contratar intermitente;, destacou o economista Helio Zylberstajn.

Ele chamou a atenção também para a quantidade de desligamentos por acordo de 13.522. ;É um dado muito interessante. Revela que aquele momento em que o empregado quer a demissão, mas não abre mão da multa de 40% do FGTS, está mais pacificado. Nesses acordos, as duas partes conversam e chegam a um percentual que não prejudique nem uma parte nem outra. Patrões e empregados estão se acertando, o que reduz a possibilidade de perdas financeiras para ambos;, ressaltou. São Paulo foi o estado com a maior quantidade de desligamentos por acordo (-4.204), em seguida Paraná (-1.537), Rio de Janeiro (-1.255), Minas Gerais (-1.083), Rio Grande do Sul (-1.006) e Santa Catarina (-995).

Intermitente

Na modalidade de trabalho intermitente, de acordo com o Caged, foram 4.002 admissões e 803 desligamentos, com saldo de 3.199 empregos. Admissões principalmente em São Paulo ( 767 postos), Minas Gerais ( 446 postos), Rio de Janeiro ( 361 postos), Espírito Santo ( 316 postos), Goiás ( 235) e Ceará ( 171). Os principais setores foram serviços ( 1.506 postos), indústria de transformação ( 617), construção civil ( 538), comércio ( 310), agropecuária ( 221) e SIUP ( 7).

No regime de trabalho parcial, foram 6.851 admissões e 3.658 desligamentos, com saldo de 3.193 empregos. São Paulo ( 831 postos), Ceará ( 442), Santa Catarina ( 383), Minas Gerais ( 235), Goiás ( 200) e Rio Grande do Norte ( 154) foram os estados que apresentaram maiores saldos nesta modalidade. O saldo de emprego foi distribuído pelos setores de serviços (2.253 postos), comércio (647), indústria da transformação (200), construção civil (52), administração pública (30), agropecuária (8) e SIUP (3).

De acordo com o Caged, os trabalhadores tiveram, no mês de março, salário médio de admissão de R$ 1.496,58. Na demissão, foi registrada média de R$ 1.650,88 nos ganhos mensais. Quando descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), nos cálculos do Ministério do Trabalho, houve aumento de R$ 15,78 ( 1,07%) no salário de admissão, e de R$ 4,51 ( 0,27%) no salário de desligamento, em comparação a fevereiro de 2018.

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