Hamilton Ferrari
postado em 26/04/2018 06:00
Nos últimos dias, casas de câmbio de Brasília chegaram a vender o dólar a R$ 3,77 e o euro a R$ 4,60 a turistas. Ontem, o Correio foi a três estabelecimentos na região central do Plano Piloto e os menores valores encontrados foram de R$ 3,72 e R$ 4,54, respectivamente. Em algumas regiões do país, só foi possível encontrar a moeda americana por R$ 3,91 e o euro por R$ 4,78. Pessoas com viagem marcada para o exterior afirmam que vão aguardar as próximas cotações para comprar divisas.
A alta do dólar, que acabou puxando também o euro, ocorreu por conta do receio de que a inflação suba nos Estados Unidos em função da recuperação da economia e da alta dos preços de commodities, como o petróleo. Com inflação maior, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, deve intensificar o ritmo de alta dos juros, o que atrairia investidores para o mercado norte-americano. Nesse processo, a procura por dólar se intensifica.
Além disso, a desvalorização do real diante dessas moedas também é influenciada pelas incertezas econômicas e políticas no Brasil. O governo não conseguiu aprovar reformas como a da Previdência, prejudicando investimentos no país. E a incerteza sobre as próximas eleições também provocam oscilações nos mercados.
Ontem, o dólar comercial ultrapassou R$ 3,50 durante o dia, mas fechou em R$ 3,486, com valorização de 0,49%. Foi a quinta alta consecutiva, levando a moeda norte-americana para o maior nível desde junho de 2016. Para os turistas, a divisa subiu 0,28%, chegando a R$ 3,62, em média.
A secretária Marina Lúcia, 29 anos, vai à Argentina em setembro. ;Eu pensei que, com a prisão do (ex-presidente Luiz Inácio) Lula, a tendência era de que o dólar baixasse, mas isso não está ocorrendo;, afirmou. O mercado ainda acompanha o desenrolar dos processos que estão na alçada do juiz federal Sérgio Moro. Com a possibilidade de revogação da prisão, investidores receiam uma possível candidatura do petista. (confira matéria na página 2). ;Devo esperar o desenrolar disso e, em junho ou julho, farei as compras (da moeda);, completou Marina Lúcia.
Guilherme Macedo, professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, explicou que, para quem vai viajar, o ideal é comprar a moeda aos poucos. ;Assim, a pessoa não paga nem um valor muito alto nem muito baixo. Faz uma média desses pagamentos. O dólar é uma das variáveis que mais se movimenta. Qualquer novidade negativa ou positiva no cenário doméstico ou internacional tem impacto no preço;, destacou.
;Tenho uma viagem em novembro para o Caribe e vou comprar dólar só quando estiver mais perto da partida;, disse o auditor Andrew Melo, 22 anos. ;Espero que esteja mais barato, embora se diga que pode haver aumento por conta da inflação dos Estados Unidos.;
Sidnei Nehme, da NGO Corretora, afirmou que a cotação do dólar estava muito deprimida. ;Sempre enfatizamos a magnitude do risco político , seja pelo baixo apoio do Congresso as propostas de governo, seja pelo acirramento da sucessão presidencial;, disse. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, o mercado espera que a moeda americana fique em R$ 3,33 no fim de 2018.