Economia

Nascida no Vale do Silício, startup brasileira ganha visibilidade mundial

Nascida no Vale do Silício, empresa brasileira de "contabilidade na nuvem" entra no radar de um dos maiores gestores de tecnologia do mundo e agora sonha em abrir o capital

Natalia Viri
postado em 26/04/2018 06:00
São Paulo ; O IPO da PagSeguro deixou claro o potencial do mercado de micro e pequenas empresas e empreendedores ; um exército de mais de 10 milhões de CNPJs espalhados por todo o país que haviam sido relegados pelas grandes adquirentes.

A ContaAzul, uma startup de Joinville, quer ser uma espécie de ;Moderninha; do mercado de software de gestão empresarial (ERP), oferecendo planos que variam de R$ 39 a R$ 279 por mês voltados para empresas com de um até 20 funcionários.

Nesse nicho de mercado não existe a concorrência das gigantes SAP e Oracle. A Totvs, que atinge empresas de porte médio, também tem tido dificuldade em prosperar ali, deixando a concorrência da ContaAzul na mão de pequenos fornecedores pouco profissionalizados, muitos deles ainda adeptos da mera caderneta de papel ou do Excel.

Fundada em 2011, a ContaAzul não divulga faturamento nem o número de clientes pagantes, mas acaba de conquistar um investidor de peso. No início do mês, o Tiger Global, um dos maiores gestores focados em tecnologia do mundo, liderou uma rodada de investimentos de R$ 100 milhões, a maior já conquistada pela companhia.

Entre 2010 e 2015, o Tiger investiu em mais de uma dezena de startups brasileiras e fez grandes aportes na Netshoes, B2W e 99, e mais recentemente no Nubank. Em 2015, o Tiger já havia feito um aporte de R$ 20 milhões liderado pela Ribbit Capital. ;Eles entraram para sondar nosso modelo de negócio e gostaram do que viram;, diz Vinícius Roveda, de 37 anos, CEO e fundador do negócio.

Roveda nasceu no interior do Rio Grande do Sul e se mudou para Joinville aos 17 anos para cursar ciência da computação. A ideia da ContaAzul veio quando ele trabalhava como desenvolvedor em empresas pequenas e viu a dificuldade dos empreendedores para tocar o negócio e controlar a parte burocrática e financeira.

Solução

Enquanto trabalhava de dia e fazia MBA em gestão à noite, virou madrugadas desenvolvendo uma solução voltada para este tipo de cliente. Lançou a Ágil ERP, que tinha um modelo já disruptivo: o software era oferecido na nuvem, com um esquema de mensalidade, ao contrário dos outros programas voltados para esse público e comercializados por meio de licenças pagas na entrada. Mas o software ainda era pouco intuitivo e o principal problema era a distribuição.

A sorte virou em 2011, quando ele e os sócios José Sardagna, um colega dos tempos de faculdade, e João Zaratine, que tinha sido seu estagiário, foram selecionados por uma aceleradora para passar quatro meses no Vale do Silício.

A ContaAzul saiu do Vale com um aporte da Monashees e meses depois levantou outra rodada da Ribbit Capital. Até agora, a startup já levantou cerca de R$ 150 milhões, de acordo com relatório do Bradesco, que lista a companhia como uma das fintechs mais promissoras do país. A lista de investidores inclui ainda a Valar Ventures, de Peter Thiel, fundador do PayPal, e a Endeavor Catalyst, que entrou na última rodada.

A experiência no Vale foi transformadora. A ContaAzul simplificou sua interface de forma a torná-la intuitiva. Agora, o usuário pode emitir boletos, fazer o controle financeiro, controle de estoque, tirar relatórios e centralizar as informações que vão para o contador. Um app no smartphone permite acompanhar as vendas em tempo real. Para os casos em que o usuário precisa de ajuda, há uma equipe de suporte, treinada para conversar de forma natural e sem script.

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