Hamilton Ferrari, Bruno Santa Rita*
postado em 28/04/2018 07:00
A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de permitir que as startups do setor financeiro concedam crédito sem mediação de bancos promete movimentar o mercado. Segundo especialistas, essas empresas terão condições de competir com os grandes grupos, oferecendo financiamento mais barato aos consumidores. Para eles, a medida anunciada pelo CMN abre um mercado para profissionalização dessas empresas, permitindo que o consumidor tenha acesso mais fácil ao crédito.
Aramis Andrade, diretor administrativo da Runpal, aceleradora de startups voltadas para o setor financeiro, explicou que as fintechs estão na linha de levar crédito a pessoas que, geralmente, não têm acesso. ;A ideia do Banco Central é justamente viabilizar a concorrência no mercado de crédito;, argumenta.
O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, destacou que o passo é importante, mas que é preciso, primeiro, fazer com que essas empresas possam competir com os bancos. ;Um dos grandes problemas é que as fintechs não terão condições se não tiverem acesso a informações sobre os consumidores. Elas terão que comprar esses dados dos bancos e embutir isso nos juros. Então, não será tão vantajoso;, disse. Leal ressalta a necessidade do cadastro positivo, que permite a circulação dessas informações entre as instituições. ;Se as fintechs não tiverem esse acesso, elas também terão que aumentar juros para evitar perdas;, completou.
O limite estabelecido para esse tipo de operação é de R$ 15 mil por CPF ou CNPJ. O presidente da Associação de Startups e Empreendedores Digitais (Asteps), Hugo Giallanza, disse que, como a implementação ainda está em fase inicial, é preciso ter um pouco de conservadorismo. ;Nós, que somos entusiastas das fintechs, também avaliamos que pessoas podem ter experiências negativas pela própria imaturidade do mercado. Quando houver a consolidação das empresas, o mercado vai se expandir naturalmente;, explicou.
As fintechs terão que obedecer a regras de operação para ofertarem os créditos. Além disso, até 6 de maio de 2019, as instituições financeiras terão que implementar uma política de segurança cibernética, para evitar vazamentos de informações dos consumidores.
Dívida pública sobe para R$ 3,64 trilhões
De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, a dívida pública federal cresceu 1,51% de fevereiro para março, passando de R$ 3,582 trilhões para R$ 3,636 trilhões. No período, a emissão líquida ficou em R$ 23 bilhões ; resultado de emissão de R$ 77,64 bilhões e resgates de R$ 53,69 bilhões. As despesas com o juros da dívida acumularam R$ 30,23 bilhões e a dívida interna (transações realizadas em real) teve alta de 1,47%, atingindo R$ 3,507 trilhões em março. Já o endividamento externo (transações realizadas em moedas estrangeiras) subiu 2,64% no mês, somando R$ 128,91 bilhões. Para este ano, a expectativa do Tesouro é de que o volume chegue a quase R$ 4 trilhões.
* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira