Economia

Agrishow apresenta máquinas capazes de revolucionar produção agrícola

Nova edição do evento mostra geração de máquinas autônomas e equipamentos inteligentes que vão revolucionar a produção agrícola no futuro, elevando a produtividade nas fazendas

Lino Rodrigues
postado em 02/05/2018 06:00
Vice-presidente de vendas da AGCO,  Werner Santos prevê que grandes produtores terão frota 100% autônoma

Ribeirão Preto (SP) ; Esqueça a enxada, a foice e aqueles tratores antigos que puxavam arados. A agricultura brasileira está passando por uma transformação tecnológica, aumentando a produtividade e otimizando o trabalho no campo. Hoje em dia, é comum encontrar nas lavouras tratores e colheitadeiras modernas, com cabines pressurizadas, piloto automático e guiadas por GPS.

Além de softwares, que administram e planejam todas as fases do plantio à colheita, agora também são utilizados drones para identificar problemas na lavoura. Há uma infinidade de novas tecnologias que estão transformando a agricultura e trazendo cada vez mais ganhos de produtividade e redução de custos. ;Essas últimas supersafras que colhemos começaram a ser plantadas há pelo menos 40 anos, no início da evolução tecnológica no campo;, diz Francisco Maturro, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e presidente da 25; edição da Agrishow.

Considerada a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, e que prossegue até sexta-feira, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o evento se tornou referência quando se fala em evolução tecnológica no campo. Grandes e pequenas empresas (neste ano, mais de 800) trouxeram para a Agrishow o que há de mais moderno em termos de sistemas digitais, equipamentos e motores que serão utilizados no agronegócio nos próximos anos.

[SAIBAMAIS]Werner Santos, vice-presidente de vendas e marketing da AGCO, dona de várias marcas de tratores e colheitadeiras, destacou que uma nova família de motores elétricos começa a chegar ao mercado, com transmissão eletrônica que permite trocas de marchas com maior rapidez. ;Os motores se ajustam à velocidade e à carga desejadas;, diz ele, lembrando que até os pneus, dependendo do peso, serão calibrados automaticamente.

Num futuro próximo, afirma o executivo, e com a evolução dos sensores, ;as máquinas vão entrar na lavoura para se regular automaticamente.; Segundo ele, os grandes produtores terão em breve frotas 100% autônomas. ;Mais à frente teremos robôs nas lavouras para analisar as plantas.;

A John Deere, outra gigante no fornecimento de equipamentos e serviços aos produtores rurais, está de olho no futuro dos negócios que vão envolver o uso da tecnologia IoT (internet das coisas). Pesquisa realizada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e Comunicação estima que o impacto dessa tecnologia no campo atinja entre US$ 5 bilhões e US$ 21 bilhões até 2025. ;Essa é a agricultura do futuro, e ela começa com o campo totalmente conectado;, afirma Paulo Herrmann, presidente da John Deere no Brasil, que anunciou o lançamento do Conectividade Rural, sistema que levará acesso à internet aos agricultores.

Em parceria com a Trópico, que produz equipamentos de telecomunicações, serão oferecidas torres de transmissão de acordo com o perfil de cada produtor, permitindo que ele esteja conectado à internet em locais que não são alcançados pelas operadoras móveis. ;A conectividade rural representa a real conexão entre a lavoura, as máquinas e as pessoas;, diz Herrmann, acrescentando que, com a conexão garantida, o agricultor pode transferir o escritório para o campo e integrar todas as plataformas.

A exemplo do Google e de outros gigantes da tecnologia, a Solinftec, empresa que tem sede em Araçatuba (SP), criou a Alice, assistente virtual que utiliza um sistema baseado em redes neurais e que está sendo treinada para analisar grandes quantidades de dados e detectar padrões que escapam ao olho humano. ;O objetivo é melhorar o rendimento, indicar quais seriam as melhores práticas e ajudar a programar as atividades de forma mais eficiente;, conta Daniel Padrão, CEO da empresa.

Gestão

Voltada para propriedades de 50 a 500 hectares, a Aegro trouxe para a feira um sistema de gestão que facilita a administração pelos produtores. Com custo de R$ 250 por mês, o programa pode ser instalado remotamente no computador ou no smartphone. Com ele é possível planejar a safra, fazer a gestão do maquinário, controlar o orçamento e o fluxo de caixa, monitorar pragas e controlar o estoque. ;Nossa ideia é atender os produtores que estão procurando tecnologia, mas não têm muito dinheiro para investir;, afirma Pedro Martins Dusso, diretor executivo da Aegro, pequena empresa de tecnologia que tem o apoio do fundo SPVenture.

Com mais de 200 clientes, a Aegro tem uma parceria com a Horus Aeronaves, que trabalha com drones, utilizados para mapear as propriedades e identificar problemas nas lavouras, como pragas e queda de produtividade. Com o conceito de fazenda digital, Dusso quer fazer com que os produtores se tornem ;CEOs agro;, com capacidade de ler gráficos e utilizar a tecnologia para reduzir custos e aumentar a rentabilidade. ;Nosso desafio é mostrar que a tecnologia pode trazer retorno;, diz ele.

Simplicidade também é o mote da plataforma e-Agro, oferecida gratuitamente para ser baixada em computadores, tablets e smartphones. A ferramenta, segundo Angelo Palocci, diretor de marketing da empresa, foi criada para descomplicar a gestão e facilitar a tomada de decisões, através da previsão de produção e desempenho da colheita. Com mais de 1,5 mil fazendas cadastradas, o aplicativo funciona de forma simplificada 24 horas por dia e gera relatórios completos com apenas um clique.

Os números da 25; Agrishow


Local: Ribeirão Preto (SP)
Data: de 30/4 a 4/5
O que é: Considerada uma das três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo e a maior da América Latina
Previsão de número de visitantes:
159 mil pessoas
Área de exposição: 440 mil metros quadrados
Expositores: 800
Negócios gerados em 2017: R$ 2,2 bilhões.

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