Economia

Mesmo com escalada do dólar e aumento do petróleo, juros devem cair

Mesmo com a alta do dólar, a retomada gradual da economia reduz significativamente o espaço para repasse de variações cambiais para os preços de produtos e serviços, diz economista

Antonio Temóteo
postado em 10/05/2018 06:00
Apesar da piora do ambiente internacional, com escalada do dólar e aumento dos preços do petróleo, a taxa básica de juros (Selic) deve cair 0,25 ponto percentual, para 6,25% ao ano, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 15 e 16 de maio. Em declarações recentes, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, sinalizou que os diretores levam em conta, no regime de metas para a inflação, a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as expectativas do mercado e o nível de atividade.

As declarações de Ilan sinalizaram que o BC manterá a estratégia previamente definida na ata do último encontro do Copom e no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Apesar disso, o mercado está dividido sobre como a autoridade monetária se comportará na próxima semana. O economista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, destacou que as afirmações do presidente do BC são corretas e mostram que o Brasil tem fundamentos sólidos do ponto de vista inflacionário.

Para Campos Neto, mesmo com a alta do dólar, a retomada gradual da economia reduz significativamente o espaço para repasse de variações cambiais para os preços de produtos e serviços. Ele explicou que o cenário externo tem afetado todas as economias emergentes e que o Brasil possui condições de se proteger das oscilações na divisa norte-americana.

Além disso, o economista ressaltou que não há fuga de capitais do país pela redução da diferença entre os juros dos Estados Unidos e do Brasil. ;Esse diferencial já caiu bastante e não será 0,25 ponto percentual que mudará o cenário. O investidor, entretanto, se preocupa com o cenário eleitoral incerto. O foco será muito mais doméstico nos próximos meses.;

Apesar disso, outros analistas avaliam que o BC não deve cortar os juros na próxima reunião. O economista-chefe do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, David Beker, alterou a aposta de queda de 0,25 ponto e passou a acreditar na manutenção da Selic em 6,5%. ;O aumento na incerteza internacional é o principal fator que explica a mudança;, afirmou.

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