Vera Batista
postado em 19/05/2018 07:00
O Brasil criou 336.855 vagas com carteira assinada no primeiro quadrimestre do ano, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Nos últimos 12 meses, entre maio de 2017 e abril de 2018, o saldo positivo foi de 283.118 empregos formais. Somente em abril, foram 115.898 novos postos de trabalho, resultado de 1.305.225 admissões e 1.189.327 desligamentos. O presidente Michel Temer, em cerimônia com representantes do setor empresarial, em São Paulo, comemorou o avanço, pelo quarto mês consecutivo. ;Com o otimismo e com a certeza de que o Brasil saiu da recessão e vai caminhar, é que digo: vamos em frente;, destacou.
Reforça o otimismo do chefe do Executivo, de acordo com o Ministério do Trabalho, o fato de que os oito setores de atividade analisados cresceram em abril. O setor de serviços saiu na frente, com mais 64.237 vagas, seguido da indústria de transformação, com mais 24.108 postos, da construção civil (%2b14.394), do comércio ( 9.287), da agropecuária ( 1.591), da administração pública ( 980), da indústria extrativa mineral ( 720) e dos serviços industriais de utilidade pública ( 581).
Entre as regiões, o Sudeste encerrou abril com 78.074 vagas de trabalho a mais do que em março. No Centro-Oeste, foram 15.769 postos. No Sul, 13.298, no Nordeste, 4.447, e no Norte, 4.310 novas vagas. Os salários de admissão e de desligamento dos trabalhadores também subiram. O valor da remuneração inicial, no mês passado, foi de R$ 1.532,73 ( 1,22%). O salário de desligamento cresceu 1,5%, para R$ 1.688,34.
De acordo com Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, a economia está no rumo certo, mas a melhora no emprego não é ;nenhuma maravilha;. ;Um dado interessante foi o desempenho dos setores de serviços e de construção civil. Não é possível prever, no entanto, se isso vai se sustentar. Há ainda muita insegurança. As decisões de investimento dependerão do contexto eleitoral;, destacou.
O resultado de abril não agradou César Bergo, sócio consultor da Corretora OpenInvest. ;A expectativa do mercado era de, pelo menos, mais 180 mil vagas;, assinalou. ;O ano de 2018 vai ser muito difícil. As expectativas se reverteram ao longo do tempo, por exemplo, em relação às reformas. Além disso, nem a indústria de transformação nem a de construção civil receberam incentivos para crescer. Com a fraqueza da economia, o mercado botou o pé no freio. Talvez em 2019, com o novo governo, o emprego tome impulso;, disse.
Reforma trabalhista
De acordo com o Ministério do Trabalho, como resultado da Lei n; 13.467/2017, houve 12.256 desligamentos por acordo entre empregador e empregado. No trabalho intermitente, foram 4.523 admissões e 922 desligamentos, com saldo de 3.601 empregos.
;O melhor resultado da modernização trabalhista ainda não é a criação de vagas, mas a segurança jurídica e a redução do número de ações na Justiça. Esse itens são os que vão, no futuro, abrir as portas para o mercado de trabalho;, destacou Jason Vieira. Já para César Bergo, a reforma, até o momento, somente aumentou a informalidade. ;Resolveu o problema de curto prazo, mas criou outro, no longo prazo. As pessoas que fazem bicos não pagam a Previdência, não têm férias, não têm rendimento fixo. Enfim, o governo jogou o problema para debaixo do tapete;, avaliou.