Economia

Especialistas dão dicas para driblar preços elevados de convênios médicos

Especialistas alertam que é preciso paciência, pesquisa e uma boa análise do perfil pessoal para não sobrecarregar o orçamento

Andressa Paulino*
postado em 20/05/2018 08:00
Especialistas alertam que é preciso paciência, pesquisa e uma boa análise do perfil pessoal para não sobrecarregar o orçamento
Com aumentos anuais que superam largamente a inflação, os planos de saúde estão tomando partes cada vez mais significativas do orçamento familiar. Para os que acreditam que o serviço é fundamental para ter uma assistência médica de qualidade, especialistas garantem que é possível buscar opções mais em conta, mesmo com os reajustes elevados. No entanto, é preciso paciência, pesquisa e uma boa análise do perfil pessoal para não sobrecarregar o orçamento.

Antes de pesquisar qual plano se adéqua melhor às necessidades da família, é preciso um planejamento, explica a vice-presidente do Conselho Diretor da Associação de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci. ;É importante que a pessoa analise sua renda e saiba qual é valor que pode ser usado para as despesas com o plano de saúde;, aconselha. ;Isso evita que o consumidor extrapole seu limite de gastos e fique endividado;, acrescenta.

Depois de decidida a quantia que poderá ser empregada pagar pagar o plano, é importante escolher a operadora que atenderá melhor o perfil do consumidor, tanto em termos de preço quanto de qualidade e amplitude do serviço. Para isso, é importante ficar atento à reputação da empresa, indica o coordenador da Comissão de Saúde da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Sérgio Vieira. ;O consumidor pode pesquisar se a empresa é devidamente regulamentada através do site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);, aconselha. ;No site, é possível ver também o índice de reclamações de cada operadora.;

No momento da escolha do plano, diante das muitas opções existentes, ter prioridades definidas ajuda a evitar gastos desnecessários. ;Há uma variedade grande de opções, mas é esse o momento de pôr o planejamento em prática;, afirma Maria Inês. ;A pessoa precisa saber o que deseja com o plano de saúde, entender seu perfil como paciente, além de colocar na ponta do lápis quais doenças vão exigir procedimentos específicos;, indica a vice-presidente da Proteste.

Foi o que fez a correspondente bancária Izabella Nogueira, 27 anos. Depois de muito tempo sem ter um plano de saúde, devido aos custos altos, ela optou por abrir mão de viagens e outras formas de lazer para pagar o serviço para a filha. ;Depois que engravidei, decidi economizar ao máximo para poder garantir assistência para ela;, conta. Avaliando seu histórico patológico, Izabella escolheu um plano que a contemplasse também. ;Como eu tive uma inflamação renal e fui muito mal-atendida na rede pública de saúde, decidi procurar um convênio acessível, mas com cobertura para mim e minha filha;, explica.

No entanto, o marido de Izabella ficou de fora da assistência médica. ;Nossa renda é limitada, então tivemos de deixá-lo fora do benefício. Só pelo meu plano, pago R$ 403; com o da minha filha, gasto mais R$ 303. É quase o salário mínimo que recebo trabalhando;, afirma a correspondente bancária. ;Como meu marido é autônomo e não tem um salário fixo, preferimos manter assim a contratar um plano coletivo, que sairia mais caro. Mesmo não pagando o serviço para ele, às vezes as dívidas nos deixam tão apertados que minha mãe me ajuda a pagar a assistência médica;, acrescenta. Izabella conta que pesquisou bastante antes de escolher o plano, e que a opção individual foi a mais vantajosa que encontrou.

É o que indica o advogado especialista em planos de saúde, Rodrigo Araújo. Segundo ele, analisar as opções coletivas e individuais são essenciais para quem pensa em economizar. ;Normalmente os planos coletivos, principalmente os empresariais, são, inicialmente, mais baratos do que os individuais;, aponta. No entanto, como os reajustes dos coletivos não são controlados pela ANS, o barato pode sair caro, explica o advogado. ;Com o passar dos anos, o plano coletivo acaba pesando mais no bolso do que a opção individual;, alerta.

Coparticipação

Uma alternativa para os que, ainda assim, acham as opções de planos individuais e coletivos caros, é contratar os planos de coparticipação. ;Nessa modalidade, o valor da mensalidade costuma ser menor, e, quando o consumidor for utilizar algum serviço, paga uma parte do procedimento;, explica Araújo. ;Mas essa opção só é vantajosa para quem é mais jovem e não possui doenças crônicas. Pessoas com mais idade e que utilizam o plano com frequência podem ser prejudicadas com essa alternativa;, observa Araújo.

Caso as opções tradicionais ainda não sejam atraentes, a regionalização pode ajudar a manter o valor do serviço mais em conta, explica Sérgio Vieira, da Abrange. ;Se você não costuma viajar, ou viaja apenas uma vez por ano, o plano regionalizado é uma opção mais acessível. Até porque não precisamos de 50 opções de um mesmo serviço, três ou quatro alternativas já são suficientes;, destaca.

Outro detalhe que pode baratear os custos com saúde privada é a chamada hotelaria, aponta Maria Inês Dolci. ;O tipo de quarto que você escolhe para internação influi diretamente no preço da mensalidade;, conta. ;Se você prefere um quarto individual, o valor será maior do que o cobrado por um plano que prevê quarto compartilhado, por exemplo;, explica.

Para os que já possuem plano de saúde, mas precisam aliviar no orçamento, a melhor alternativa é tentar uma negociação com a operadora. ;Em alguns casos, é possível fazer um downgrade, no qual se diminui a quantidade de serviços ou a qualidade deles, mas, em compensação, se paga menos;, indica Araújo. ;Não é uma opção que agrada muito o consumidor, mas é uma maneira de ele não sair da operadora e ter que lidar com novas empresas e contratos;, acrescenta.

Caso não seja possível a renegociação, é possível optar pela portabilidade, ou seja, mudar de operadora, preservando as características essenciais do plano. ;A portabilidade permite que o consumidor troque de plano sem ter que cumprir novo prazo de carência. A nova empresa contratada é obrigada a aceitar o tempo estabelecidos no contrato anterior;, indica Veira, da Abramge.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo


"Nossa renda é limitada, então tivemos de deixar meu marido fora do benefício. Só pelo meu plano, pago R$ 403; com o da minha filha, gasto mais R$ 303. É quase o salário mínimo que recebo trabalhando;

Izabella Nogueira, correspondente bancária


;A pessoa precisa saber o que deseja com o plano de saúde, entender seu perfil como paciente, além de colocar na ponta do lápis quais doenças vão exigir procedimentos específicos;


Maria Inês Dolci, vice-presidente do Conselho Diretor da Proteste

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