Economia

Caminhoneiros prometem novos protestos contra aumento nos combustíveis

Os caminhoneiros reivindicam a zeragem da alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide)

Renato Souza
postado em 22/05/2018 06:00

Carretas paradas na rodovia Niterói-Manilha, no Rio: PRF contabilizou 124 pontos com manifestações


Em protesto contra uma sequência de reajustes no preço do diesel, caminhoneiros interditaram vias em diversos pontos do país ao longo de toda a segunda-feira. A categoria pede que o governo reduza a carga de impostos aplicada sobre os combustíveis. Enquanto os profissionais ocupavam as ruas, a Petrobras anunciou um novo aumento, de 0,97% nas refinarias. É o sexto dia útil de mudanças nos valores desde a semana passada, quando ocorreram altas em cinco dias seguidos.

Os protestos ocorreram em 20 unidades da Federação, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), e foram convocados pelas redes sociais e por associações que representam os trabalhadores em todo o país. Os caminhoneiros reivindicam a zeragem da alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). De acordo com os caminhoneiros, o diesel representa 42% dos custos relacionados à atividade. De acordo com dados informados pela Petrobras, nos últimos 12 meses, o diesel subiu 15,9% na bomba. O aumento é resultado da nova política de preços da estatal, que repassa para os combustíveis a variação da cotação do petróleo

no mercado internacional, para cima ou para baixo.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, os reajustes constantes do diesel nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o combustível tornaram a situação insustentável. ;Mesmo com a mobilização marcada, o governo anunciou outro aumento. Há correção quase diária, que dificulta a previsão de custos por parte do transportador.; Segundo ele, os protestos são pacíficos. ;Não apoiamos barricadas, nem depredação de patrimônio público.;

Apenas em rodovias federais, a PRF contabilizou 124 pontos com manifestações. Para a Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA), houve 127 bloqueios totais ou parciais, incluindo rodovias estaduais de São Paulo e Santa Catarina. A previsão é que o protesto continue nesta terça-feira. No Distrito Federal, motoristas de caminhões guincho seguiram até a Esplanada. Sem autorização para estacionar os veículos no local, eles circularam com faixas e fizeram um buzinaço para pedir o apoio da população. A caminhoneira Elizabeth Maria Martins, de 45 anos, moradora do DF, conta que por conta dos reajustes, teve que elevar o preço do serviço que presta e perdeu clientes. ;Nosso trabalho está sendo inviabilizado. Cada vez que o combustível aumenta, temos que repassar isso ao nosso cliente. Eles reclamam do preço, e com razão, ninguém tem que aceitar esse valor abusivo;, afirma.

Em Goiás, vias federais que cortam o estado, como a BRs 020 e 040, no Entorno, foram parcialmente interditadas. No Rio de Janeiro, caminhoneiros protestaram na região metropolitana e na Baixada Fluminense. No Espírito Santo, a BR-101, a mais movimentada do estado, ficou totalmente interditada por cerca de uma hora. A via foi liberada após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) negociar com os manifestantes e convencê-los a posicionarem os veículos em apenas uma faixa.

Horas após o movimento ter começado, o presidente da República, Michel Temer, convocou uma reunião de emergência para discutir os constantes reajustes no preço dos combustíveis.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), também resolveram atuar no assunto e convocaram a criação de comissão geral para acompanhar a política de reajustes praticada pela Petrobras. A instalação da comissão deve ocorrer amanhã. Maia disse, por meio das redes sociais, que não está sendo avaliado o congelamento de preços. ;São ideias de políticas compensatórias para enfrentar o momento atual. E estão distantes do congelamento de preços que vimos no passado;, afirmou.

Preocupação com a soja


O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, disse que a paralisação dos caminhoneiros é ;preocupante; por causa da necessidade de escoamento da safra 2018/19 de soja antes da chegada do milho, mas o efeito das elevações do diesel sobre o frete também desperta temores para os produtores. ;A paralisação é preocupante, sem sombra de dúvida. Tem bastante soja para ser retirada;, disse. ;Mas o aumento sucessivo de fretes está saindo do valor do produto. Caminhoneiro não consegue se adaptar à mudança de preço diária do diesel.;

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