Economia

Investimentos na indústria crescem após três anos de queda

Pesquisa divulgada pela confederação nacional da indústria aponta que 81% das indústrias pretendem investir em 2018

Anna Russi
postado em 23/05/2018 10:00
Após três anos consecutivos em recessão, as grandes indústrias brasileiras voltaram a investir. A pesquisa Investimentos na Indústria, divulgado nesta quarta-feira (23) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 76% das empresas fizeram algum tipo de investimento em 2017, o maior percentual desde 2015. Para 2018, 81% das empresas planejaram investimentos.

Das empresas que investiram no ano passado, 47% foi de acordo com o que havia sido planejado, o melhor resultado desde 2012, e apenas 6% cancelaram os planos de investimentos no ano. O principal objetivo dos investimentos de 2017 foi a inovação dos processos e de produtos. O levantamento indicou também que 42% começaram novos projetos e os outros 58% desses investimentos foram em projetos que já estavam em andamento.

Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI, destacou que a principal razão é uma busca na melhor eficiência das indústrias, através da aquisição de novas tecnologias. ;Mostram uma mudança de cenário, não tão drástica mas é uma sinalização muito positiva para o setor;, indicou.

[SAIBAMAIS]O principal investimento foi a compra de máquinas e equipamentos, com 64% das assinalações. Em seguida aparece a compra de novas tecnologias, incluindo automação e tecnologias digitais, com 14% das respostas.

De acordo com Castelo Branco, os resultados mostram que as empresas estão preocupadas com a concorrência. ;Especialmente com os estrangeiros. A demanda é dinâmica. Os consumidores sempre querem produtos novos e melhores, o que exige das empresas melhorias de processos e, principalmente, atualização e inovação de produtos;, avaliou.

Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, ponderou que, na verdade, pode não fazer tanto sentido falar em investimento quando ainda se tem uma capacidade ociosa elevada das indústrias. ;Na verdade, o que aconteceu é que durante a crise a queda foi tão forte que agora a indústria está correndo atrás do prejuízo, do capital perdido. As máquinas e equipamentos ficaram defasados, obsoletos. Não se trata de um aumento na capacidade e sim uma reposição do capital perdido;, constatou.

O aumento da capacidade de produção foi citado por 22% dos empresários como o principal objetivo dos investimentos em 2017. ;Com o aumento do ritmo da retomada econômica surge mais demanda. É um ciclo de crescimento;, esclareceu Castelo Branco.

A burocracia e a falta de recursos financeiros foram os principais fatores citados para desestimular os investimentos no ano passado. A participação dos bancos nos financiamentos de desenvolvimento caiu para 10%, e 75% dos investimentos feitos em 2017 foram com o capital próprio das empresas.

Entre as empresas que pretendem investir em 2018, 39% irão aplicar os recursos em novos projetos. A compra de máquinas e equipamentos será responsável pelos principais investimentos, com 60% das menções. Em seguida está, com 18%, a compra de novas tecnologias, como automação e tecnologias digitais. A pesquisa mostra que apenas 8% das empresas que pretendem investir tem como alvo principalmente ou somente o mercado externo.

Para Leal, o que ajuda no cenário são condições financeiras melhores. ;O repasse da queda da Selic não foi repassado até o final para o consumidor mas ainda assim, houve uma redução do custo financeiro;, explicou. Ele destacou também que as empresas que sobreviveram aos anos de recessão ganharam força. ;Estão competindo com menos empresas e se sentem mais confortável para fazer investimentos;, observou.

De acordo com Flávio Castelo Branco, uma agenda política pró-investimento e pró-mercado irá intensificar os investimentos no setor. ;Se a mudança do patamar de câmbio for permanente isso pode favorecer a competitividade dos produtos industriais e alavancar os investimentos;, completou. Ele lembrou que há todo um projeto de expansão que gera demanda para os fornecedores da cadeia produtiva. ;Isso que dinamiza. Investimento movimenta a cadeia produtiva e por isso é tão importante e impactante, gera contratação, mão-de-obra, emprego. Movimenta;, finalizou.

*Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli

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